segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Entrevista com a banda Pastel de Miolos

O papo de hoje é com a galera da banda Pastel de Miolos, da cidade de Lauro de Freitas-Ba. Conversei com o Alisson, mas o Wilson também compareceu nas conversas, e foi bacana poder conhecer um pouco mais sobre essa banda que já está na estrada há 18 anos, fazendo seu punk rock onde quer que seja!!!!
Com vocês: Pastel de Miolos!!!
Alisson, guitarrista e vocalista da Pastel de Miolos.
1-A banda completou 18 anos de luta pelo underground. Como é a sensação de "maioridade"? É aquela sensação do "tudo posso agora" que os adolescentes sentem ao completar 18?
ALISSON: A sensação é de poder fazer mais e não de poder fazer tudo! Estamos mais organizados, mais ousados e com mais sede de experiências, ao mesmo tempo em que, estamos mais cansados e impacientes. A banda está fazendo dezoito, mas nós já estamos todos quase na casa dos quarenta então o gás é outro que ainda precisamos entender. Os ideais são os mesmos do início, mas as idéias são outras!
Pastel de Miolos: André no baixo, Wilson na bateria e Alisson na guitarra e voz.
2-E olhando pra trás, lá no começo. Como foi que resolveram que iam montar uma banda de punk rock? Como era a cena naquela época? Foram os ensaios do "Quartinho", que gerou as primeiras gravações, né?
ALISSON: No início éramos Eu e Wilson. Wilson já tinha experiência na cena Grind/HC e eu nem tinha idéia do que estava me metendo. Convidei ele pra tocar num festival com outros dois amigos, seria uma música só e nós ensaiamos e tocamos, ficando em último colocados na premiação. Os outros dois amigos saíram, pois tinham outros interesses e nós ficávamos ensaiando no “quartinho” o domingo todo que dava. Quando acabava o barulho Wilson pegava uma sacola e enchia de sons pra que eu escutasse em vinil e cassete. Coisas como Dead Kennedys, Extreme Noise Terror, Varukers, Patareni, Napalm Death, Olho Seco, Cólera e outros que eu levava para casa e ficava escutando a semana inteira até o outro domingo. Pra mim foi natural assimilar aquela sonoridade e idéias e começar a fazer as primeiras músicas da PDM. Tocamos com várias pessoas até que um ano depois Alex chegou pra dar “uma força” e nisso ficou durante 17 anos. Fomos fazendo os primeiros shows e ampliando o repertório, nessa época a coisa tinha certo tom de humor/ironia nas letras e tudo era muito tosco!
Primeira gravação de ensaio no quartinho, que não foi lançado oficialmente.
3-Em 1996 vocês lançaram a "Pastel De Miolos-Demo Tape #1" que trás vários clássicos que estão no repertório da banda até hoje. Como foi a produção dessa fita K7? Foi bem distribuída?
ALISSON: Incrivelmente essa demo já apresenta uma segunda fornada do repertório da PDM. Sendo que nela já aparecem as músicas de Alex e outras minhas, havendo músicas de um primeiro momento anterior que nunca viram a luz do dia e se perderam no tempo. A produção foi simplesmente tudo ao vivo e ao mesmo tempo representando exatamente nossa tosqueira da época. Sobre distribuição Wilson sabe dizer melhor do que eu, mas eu sei que passaram de mil fitinhas pra todo canto do país e algumas pra fora!
WILSON – Como Alisson disse, realmente essa fitinha foi bem distribuída, mandamos para todos os canais de divulgação especializados em Rock, e foi bem falada pelo Brasil.
Wilson, dono das baquetas da Pastel de Miolos.
Baixe aqui a "Demo Tape #1"
4-Em 1997 veio mais uma Demo tape chamada "Tudo isso por nada!". Estavam bem inquietos, pois em 2 anos lançaram duas demos. Qual era o motivo dessa inquietação?
ALISSON: O motivo da inquietação era a vontade de nos expressarmos e participar de uma cena! Essa demo já apresenta um amadurecimento nas letras e sons. Com músicas mais rápidas e bem tocadas pro padrão da época. Ela nos abriu as portas para vários festivais locais como o Garage Rock, Palco do Rock entre outros.
WILSON - Falando sobre a distribuição dessa demo tape, essa foi a demo que mais divulgamos, foram mais de 1.500 cópias distribuídas (sempre que vendíamos 1 demo, comprávamos mais 2 fitas), dessa forma, proporcionou uma larga distribuição em todo Brasil e no Exterior também. Mas, creio que cerca de 10 mil pessoas tiveram acesso a essa demo tape, falo isso, porque, sempre que mandávamos uma fitinha para algum correspondente, junto eu mandava mais 10 capas, e na época, tínhamos a cultura de copiar (seria o compartilhamento de hoje em dia) as fitinhas que chegavam em nossas mãos, e sempre gravávamos do outro da fita, uma banda camarada, por isso, afirmo que mais de 10 mil pessoas tiveram acesso ao nosso som, por meio dessa demo tape.
5-E depois de alguns anos produzindo outras demos, participando de coletâneas, finalmente sai em 2001 o primeiro CD "Industria da seca". Como foi a produção desse disco? Tinha vários sons que eram das demos anteriores. Elas foram regravadas?
ALISSON: Bem, existiu a proposta de ser gravada um CD coletânea com bandas punks/HC da época como Injúria, Bosta Rala, Boys do Subterrâneo, No Deal, Porcos Falantes, PDM e outras, mas o que aconteceu é que nunca se conseguiu organizar as bandas pelos motivos mais diversos possíveis. E no final Rogério Big Bross chegou pra gente e disse que tinha aquele período no estúdio (Estúdio ZERO) e se nós queríamos usar. Nós entramos com o repertório dos shows da época e tentamos gravar tudo que tínhamos, velhas e novas, daí entrou o que o tempo deixou.
Baixe aqui o CD Indústria da Seca-2001.
6-Já em 2007 a Pastel de Miolos lança o EP Ruas. Esse material seguia a mesma linha dos primeiros trampos?
ALISSON: Nesses 6 anos que separam as duas gravações aconteceu a entrada e saída de Robson que tocava a segunda guitarra e depois uma queda muito grande nas atividades da banda, um certo desanimo e outros projetos. Pensamos e dar um fim em tudo aí um dia eu cheguei com a música “Ruas” praticamente pronta e os caras gostaram, nós gravamos no celular e ficamos escutando aquela tosqueira. E a música era muito boa e diferente do que nós fazíamos até então foi quando resolvemos voltar a compor e nos dedicar a PDM com mais intensidade. A sonoridade que sempre foi mais HC tinha entrado naturalmente numa pegada mais punk rock. Eu comecei a tentar “cantar” de uma forma mais compreensível. Alguns perceberam a diferença e se afastaram enquanto que outras pessoas passaram a gostar ainda mais do nosso som. Com todo esse material novo composto e revisitado resolvemos que faríamos uma gravação que representasse bem o material que nós tínhamos onde quer que ele fosse apresentado. Por que até aí nós não tínhamos nenhuma gravação de qualidade, então buscamos Jera Cravo que na época já tinha uma experiência imensa com bandas de som pesado e conseguiu colocar no EP o som do jeito que queríamos.
Baixe aqui o EP Ruas-2007.
7-E em 2010 a banda apresenta o CD "Da Escravidão Ao Salário Mínimo". Nesse disco também tinha algumas regravações? Como foi o trabalho com o produtor Jera Cravo? Ele tinha a liberdade de interferir/alterar algo no som de vocês durante a gravação?
ALISSON: Inicialmente iríamos gravar só músicas novas, mas pensamos: “Quando vamos ter a oportunidade de gravar essas músicas de novo com essa qualidade de som? Vamos gravar a velhas também!” e gravamos, mas você pode perceber que elas todas foram executadas de um jeito diferente do que tinha sido gravada anteriormente. Rapaz, Jera é um cara que entende tudo de gravação, já tinha muita experiência, então seria burrice não deixar que ele opinasse e sinceramente eu gostei muito mais das vezes em que ele disse: Não! Do que das vezes em que ele disse: Sim! Porque o estúdio tem recursos quase ilimitados e ele ficava me lembrando de que nós éramos um Power-trio tocando punk rock. Por que com tempo e criatividade eu teria gravado mais umas dez guitarras em cada música. Mas ele sabiamente soube me conter e oferecer possibilidades que só enriqueceu nosso som! Melhorou a apresentação do que iria pro CD ao mesmo tempo em que manteve a integridade deixando o som sujo como queríamos mas ao mesmo tempo compreensível e pesado.
WILSON – Tem um lance interessante que deve ser falado, de 2007 a 2009 nós gravamos 2 sessões com Jera Cravo, essas sessões, renderam 3 discos, que é a “trilogia – RUAS (2007), CIRANDA (2009) E DA ESCRAVIDÃO... (2010) - 1 Single – NOVA UTOPIA e o Video Clipe da música “Olho Torto”. O CD Ciranda, foi eleito pelo Site “El Cabong” e pelo programa de Rádio RADIOCA, o 4º melhor disco baiano do ano de 2009. O clipe entrou na programação da MTV Brasil, VH1 e em vários canais de TV via Web pelo Brasil e mundo e o CD “Da Ecravidão...” foi muito bem resenhado nas principais Revistas, Blog’s e Sites especializados.
Ouça aqui.
8-A Pastel De Miolos também já lançou vários materiais de forma virtual. Qual a importância da internet na divulgação da banda? Isso interfere nas vendas de CDs em shows?
ALISSON: Já há alguns anos a internet é o principal meio de divulgação, mas nós ainda usamos muita carta e ainda vamos a shows conhecer bandas novas e trocar material. A venda de CDs nos shows é flutuante tendo shows em que vendemos muito CD e camisa e outros que não sai nada! Quando lançamos só virtual tem uma história interessante de um cara que pediu o material e eu lhe dei um fly com o link pra ele baixar o CD com capa e encarte e tudo por que realmente nós não tínhamos feito nenhum físico e o cara se ofendeu, amassou o fly e jogou no chão. Alguns meses depois eu encontro o mesmo cara em outro som e ele me pergunta do CD e eu lhe disse: 5 reais. E Ele: pow véio, contribua com a cena, me dê um aí na moral! Eu lhe disse: 5 reais. E Ele: Mas eu não tenho. Eu peguei e o fly e lhe mostrei dizendo: Baixa da internet, lá tá de graça! Ele não quis o fly e saiu, aí você percebe o que aparece muito por aí dizendo que é a “cena”. Será que é uma cena de sanguessugas? Você se fode pra fazer um trampo de qualidade, dá de graça e o cara não quer, quando você bota pra vender ele quer que você dê pra ele! Entenda isso!
Baixe aqui: Ciranda-CD Virtual de 2009.
9-Vocês tem conseguido uma circulação bacana durante todo esse tempo, tendo tocado em vários lugares que um banda punk rock normalmente não tocaria. Como sobreviver fazendo punk rock na Bahia? Existe uma cena? Ou a saída é tocar onde for chamado?
ALISSON: Circulação é isso, você apresenta uma gravação legal e procura o contato de pessoas que como você estão também correndo atrás, além óbvio de mandar material pros festivais. Com insistência e disponibilidade as coisas acabam rolando. O lance de tocar em vários lugares onde uma banda punk não toca é a necessidade de mostrar o som para uma quantidade maior de pessoas, senão você só vai ficar tocando pros seus amigos e eles vão sempre dizer que o som é de fuder e você acaba não ousando! Você acredita que eu conheço bandas punks e de outros estilos que chegam no lugar com a sua galerinha, toca e logo em seguida vai embora levando todo mundo? E as outras bandas? Essas não merecem nem o benefício da dúvida? É assim que funciona pra muita gente que diz que está contribuindo para o crescimento da “cena”. Sobreviver tocando punk rock na Bahia não é uma opção, você vai cuidar de sua vida, de fazer seus corres, seus trampos e se organizar pra tocar onde der e viajar pra outros lugares para tocar também. Eu não acredito numa cena punk/rock de verdade! Acredito que existem pessoas que fazem por conta própria e vão se ferrando também, fazendo porque gostam de montar shows e de trazer bandas pra suas cidades e tocar junto. E aí o público vai, ou não e toma seu prejuízo! Eu sei que existe uma cena em Camaçari, as bandas são organizadas, acontecem eventos todo final de semana com o público sempre presente, porque independente das bandas que você curte a sua presença ali e nos outros eventos, pagando ingresso, adquirindo material das bandas, conhecendo gente, articulando formas de fazer outros eventos fortalece realmente a cena. E eu não vejo isso em outras cidades da Bahia, mas também eu não tenho como estar ciente de tudo que acontece em todas as cidades. Acredito que Feira e Paulo Afonso estão se organizando nesse sentido. Sei de uma movimentação legal em Ilhéus, e em Vitória da Conquista tem vocês e mais uma galera fazendo a correria. Então eu vejo em cada cidade cenas que existem e que as que dizem que existem. Em Salvador eu vejo núcleos isolados, como se várias cidades convivessem de forma confusa dentro da própria cidade. No Subúrbio tem uma movimentação, na periferia já outra onda, na região da orla também, basicamente todo mundo se conhece mas não aparecem nos shows uns dos outros e não se organizam conjuntamente. Se não disputam também não colaboram! E aí fica fraco!!!! Nós já tocamos em todo tipo de lugar, livraria, teatro, palco gigante, fundo de quintal, pista de skate, passarela de desfile de moda, cozinha, casa abandonada, shopping, o importante é levar a mensagem ao maior número de pessoas possíveis!!!!!
10-E agora, quais os novos projetos da Pastel De Miolos?
ALISSON: Agora com o baixista novo (André Cunha) nosso projeto é gravar um CD só com músicas novas que já estamos apresentando nos shows com ótima recepção do público. Nesses sons novos apresentamos uma sonoridade ainda mais consistente com muitos riffs, onde os punk rocks, os hardcores e as passagens crossover/thrash estão mais distintas. Depois da entrada de André nós já lançamos um CD Bootleg ao vivo gravado num show em Feira de Santana que tem músicas novas e antigas e está disponível pra download. Além de uma brincadeira que virou coisa séria que é o Tributo a Pastel de Miolos que começou com umas bandas de amigos que se propuseram a gravar umas músicas nossas e botar num CD virtual e hoje já temos na lista das que gravaram bandas diversas e importantes como Lobotomia, Vivendo do ócio, Norfist, Cama de Jornal, Reverendo T, Jason, Evandro Lisboa, Riiva (Finlândia), KarneKrua+Snooze, Leptospirose, Irmão Carlos, Vandex, Zefirina Bomba entre outras. Nos planos estão uma tour subindo o nordeste em lugares onde não havíamos tocado antes e ainda no primeiro semestre tocar no sudeste.
11-Em uma conversa que tive com você durante um show aí em Salvador, você me falou que sai de casa pra tocar e fala com sua filha que "papai vai ali salvar o mundo". Ainda é possível mudar essa sociedade? Você ainda acredita em um mundo melhor para sua filha?
ALISSON: É difícil! Mas eu tenho que acreditar e hoje cada vez mais!!! Eu digo que vou ali salvar o mundo quando vou tocar e também quando vou trabalhar. Eu sou professor e poderia trabalhar dois turnos em escola particular ou estar buscando dar aulas em universidades, mas eu faço questão de trabalhar na rede pública de ensino onde pego os três turnos e trabalho com o filho do pobre!!! São essas crianças e adolescentes que precisam de ajuda, se são héteros, homossexuais, tem diversos tons de pele e problemas sociais, isso é o menos importante! E sim, eles precisam ter oportunidades de levantar a auto-estima e conhecer a artimanhas que o sistema usa pra estigmatizá-los e excluí-los. Então quando saio pro trabalho ou pra tocar, eu acredito que estou dando minha colaboração para que as pessoas possam ser melhores do que acreditam possível, por isso as letras da PDM possuem um conteúdo voltado pro questionamento não só do contexto social, mas também buscam levar a reflexão e auto-analise. Você pode ser um canalha radical irresponsável e estragar a vida de seu filho ou abrir mão de algumas convicções pra que aquela criança possa ter possibilidade de se realizar e realizar ações transformadoras dentro da sociedade. São opções, a segunda é a mais difícil!
PDM ao vivo no Festival Palco do Rock-Salvador-Ba.
12-Velho, obrigado pela atenção. Fico feliz quando vejo bandas tocando tanto tempo pelo underground, sem perder o foco nem a coerência!! O espaço agora é de vocês, para deixar contatos, e o mais que quiser!!!!
ALISSON: Analise, reflita, busque sempre suas respostas! Leia mais livros e veja menos televisão! Nunca se deixe levar pela manada! Não se engane você não é livre! Crie sua revolução!
SITES:
E vídeos nos canais do Youtube:

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Entrevista com Daniel da Ugly Boys

De volta a ativa com as entrevistas do Blog Tosco Todo, depois de um intervalo por causa da Turnê Nordeste. A entrevista de hoje é com o Daniel Farias da banda Ugly Boys, de Pernambuco. Além de músico, o cara trabalha com estúdio de gravação...mas vamos ao que interessa:
Daniel Farias - Ugly Boys
1-Primeiramente de onde veio o nome Ugly Boys, e por que em inglês?
Daniel - Geydson seria a pessoa mais indicada para responder, mais pelo que sei, foi a necessidade de escolher um nome para uma apresentação em uma festa escolar, não lembro qual era o nome que foi escolhido, mais lembro que foi algo com Boys no final, e no cartaz a rapaziada da produção acabou escrevendo errado, depois os componentes chegaram ao consenso e a escolha pelo inglês deve ter sido pela forte influência da época, na qual os caras da banda ouviam incansavelmente Sex Pistols, Dead Kennedys e os Ramones.
Geydson é o dono da voz do Ugly Boys.
2-A Ugly Boys foi formada em 1998, de lá para cá a banda mantém a mesma formação?
Daniel - Não, tivemos algumas mudanças de formação, na primeira; Geydson (guit. Voz), Neto (Bateria), Honório (Guit. Vocal) e Alex (Baixo) deram inicio as atividades da banda com a saída de Alex, Honório fica no Baixo em 99 fui convidado para tocar a segunda guitarra, em 2000 Honório deixa a banda e Soneca (meu irmão) assume o baixo. formação que durou até 2010, no lugar de Neto, convidamos Diego (também meu irmão) para integrar a banda e está é a formação que está até hoje. 
GEYDSON - GUITARRA E VOZ, DANIEL - GUITARRA E VOCAL, SONECA - BAIXO E VOCAL E DIEGO-BATERIA.
Ugly Boys 2013: Diego, Daniel, Geydson e Soneca.
3-Quais as principais influências e o que vocês andam escutando de novo?
Daniel - Desde o inicio a banda tem como proposta explorar o som punk-rock, e vertentes ligadas a contra-cultura, claro que sempre o som de bandas clássicas do punk-rock esteve influenciando esta proposta, e muita coisa dos anos 70 nos inspira até os dias de hoje. Como citei acima Ramones, Sex Pistols, The Clash, Misfits, Dead Kennedys... e bandas como o Bad Religion e Rancid, tem grande relevância as tratando como nossa influência, não posso esquecer também, bandas nacionais como Garotos Podres, Inocentes e Devotos do Ódio que foram muito importantes (nossa escola).
Hoje a banda está na fase em que cada um escuta coisas diferentes e isso é legal, contribui com a sonoridade, que está mais madura e com diversas influências, eu estou sempre acompanhando novidades sobre as bandas clássicas que citei acima, porém, prefiro indicar coisas que ouço e que não é tão nova... as nacionais; Piazitos Muertos, EDMI, Rejects Sa, Blind Pigs, Flanders 72, Subversivos, Nark e Holly Tree... duas gringas Street Dogs e The Strummers. acho que sou um pouco limitado para ouvir coisa nova! vez ou outra acho uma coisa legal, nem sempre nada que me faça tirar estas que citei do meu play list.
Soneca no Baixo.
4-Como foi o processo de gravação da primeira demo "The Radio" e quando foi lançado?
Daniel - Éramos muito verdes (novos) , não tínhamos experiência em gravações e Geydson só pode estar presente na etapa da gravação das guitarras e voz, gravamos o instrumental com o andamento muito acelerado e posteriormente tivemos problemas para encaixar os outros instrumentos naquela execução tão rápida. rsrsrsr... no meio do processo surgiram mais 2 musicas (O diário e a vida e Make to Happen) que resolvemos grava-las, gravamos a parte instrumental ao vivo e foi o que faltava para sairmos satisfeitos com nosso primeiro demo, lá mesmo comecei a me inteirar sobre gravação e Jr. Viana técnico responsável do estúdio Engenho do Som me passou algumas dicas que nos ajudou muito, passamos a reproduzir o material desde a arte da capa, as camisetas em serigrafia e cópias dos CD's, com a idéia DIY (faça você mesmo) estávamos nos apropriando de conhecimentos que dariam rumo as nossas vidas, interferindo nas nossas atividades profissionais nos dias atuais, hoje não sou muito satisfeito com o resultado sonoro do demo, mais no geral acho que ele foi responsável pela nossa persistência e vontade de continuar por todos esses anos, pra mim o lançamento de The Radio em 2000 foi uma conquista da época e que marca nossa trajetória, fez com que o Ugly Boys tocasse e provocou a banda para evoluir.
BAIXAR o CD The Radio-lançado em 2000.
5-Em 2002 a banda participou de um programa de TV. Pra vocês, qual a importância de ocupar os espaços da mídia para propagar as idéias da banda? Não foram taxados de traidores do movimento por isso não, né?
Daniel - A musica The Radio que dá título a primeira demo, é uma crítica as Rádios e suas de programações, que tanto na Tevê como no Rádio e outros meios de comunicação nos bombardeia de notícias e conteúdo de baixa qualidade, e que é voltado apenas para o consumo, nunca fomos a favor do consumo e da alienação proposta por estes meios de maça, e acho que não vinha ao caso ligar nossa apresentação a programas deste tipo. nossa primeira apresentação na Tevê foi muito positiva porém, o programa tinha uma proposta meio estranha, era uma coisa tosca que se construía através da loucura da apresentadora, e que foi muito gente fina em nos convidar, e nos proporcionar esta experiência, dividimos palco com a banda Armas da Verdade, podemos ter o primeira oportunidade na televisão local, na época em que a internet não era acessível, podendo chegar em locais onde antes nunca tínhamos ido. e o lance de ser traidor ou não nunca me comoveu, em Recife já existiu pessoas com ideais punks de cabeça dura! mais nunca fui abordado ou questionado sobre essa apresentação ou qualquer outra!
Diego é o dono das baquetas da Ugly Boys.
6-A Ugly Boys fez parte da criação do projeto "Farinha do Rock".O que esse trabalho gerou para a cena local?
Daniel - O Farinha do Rock foi algo muito importante em nossa trajetória, foi responsável pela união entre as bandas da região, a movimentação atraía bandas e publico de outros bairros, vi muitas bandas surgirem e estrearem lá, como também vi bandas com uma certa bagagem tocar e fazer o local ficar cada vez mais valorizado por que produzia e pelo público.
Ugly Boys no Farinha do Rock
7-A Segunda demo "Marcado para morrer" veio depois da movimentação do "Farinha do Rock", não foi?
Daniel - Sim, Foi um momento em que estávamos ouvindo muito hardcore e sons rápidos, e isso influenciou no resultado da demo, foi um material que não fizemos muitas cópias e considero raro.

8-Em seguida a banda consegue finalmente lançar seu primeiro CD, chamado Simplesmente de "Ugly Boys". Como foi a produção e a repercussão desse material?
Daniel - A produção da demo foi toda nossa (DIY), nós mesmo gravamos e mixamos, foi o nosso material que mais foi replicado, e também nosso primeiro material completo disponível na internet, gravamos um clipe com uma das musicas e é onde tem uma grande parte das musicas que tocamos nos show's, acredito que foi bem aceito e é o material mais próximo do som que produzimos atualmente.
Ouça AQUI o CD "Ugly Boys" de 2002
9-Quais os próximos projetos da Ugly Boys? Vem trampo novo em 2013?
Daniel - Em conclusão um disco split com a Nark, estamos concentrados em compor novas musicas que não sabemos se será lançada ainda este ano.
Daniel na guitarra da Ugly Boys.
10-Hoje você tem um estudio e trampa com isso. Quando foi que começou a curiosidade com a parte técnica de gravação?
Daniel - Eu não tenho um estúdio, mais trabalho com isso sim, deixa eu explicar. Tenho alguns equipamentos de gravação que funcionam como uma unidade móvel de gravação, me disponho a ir gravar as bandas onde elas estão, esta maneira de produzir é pouco comum, mais posso oferecer algo diferente, a escolha de timbres, equipamentos, tudo depende do orçamento da banda. Se a banda tem uma bateria em casa ou em um estúdio de ensaio e quer gravar, eu vou até lá e avalio a condição, ou se a banda quer gravar com um instrumento especifico que só encontramos em estúdios mais caros, vamos lá e eu faço, tentando sempre garantir uma boa captação dos instrumentos até chegar na mixagem, que por fim esta etapa faço em minha casa. E isso tudo começou na minha infância gravando fitas K7 para amigos, posteriormente com o primeiro contato com gravação de musica com a minha banda, na gravação da demo The Radio. Certa vez participei de uma gravação em que o técnico responsável simplesmente nunca tinha ouvido nada de hardcore-punk e ele reclamava muito das distorções e de como o vocalista cantava e o resultado no final foi horrível, resumindo… fiquei frustrado e acho que isso só me deu força e vontade de me profissionalizar e que por coincidência quando chegou a hora de trabalhar por sorte acabei indo trabalhar em uma empresa de sonorização, logo em seguida fiz um curso na área de áudio profissional onde aprendi conceitos básicos e que posteriormente fui procurar uma graduação na área de produção fonográfica.
Um Merchan do Daniel aqui no Tosco Todo...eheheheh
11-Antes de começar a trabalhar com estudio, você já percebia que existia um "mercado underground", vamos dizer assim. Mas o que as pessoas achavam sobre você focar seu trabalho nessa linha musical? Já te chamaram de louco alguma vez?
Daniel - Sim, acho que este mercado existe e tem um grande potencial não só com gravação mais com outros trabalhos ligados a musica independente, a profissionalização no underground é difícil e pode não ser bem aceito pela maioria, mas acho que todo trabalho deve ser encarado com compromisso, tanto pelo beneficiado como por quem executa, não sou a favor de lucros absurdos mais é impossível fazer filantropia pela ideologia! ninguém paga suas contas nem compra sua comida por ela. hoje o trampo com gravação não é minha atividade financeira principal, claro que gostaria que fosse, como também a de tocar punk rock porém sei que essa é bem mais difícil…
Nunca fui chamado de louco, e sempre que falo que faço trabalho nesta linha sempre causa um espanto, mais como também trabalho com outras expressões musicais nunca fui questionado, tenho a sorte de trabalhar com musicas de vários estilos e o melhor é, não trabalho com musica comercial, claro que já fiz alguns trampos, mais essa é minha maior alegria.
Ugly Boys em ação!!!
12-Eu já disse isso e repito aqui, Recife tem uma cena gigantesca de boas bandas de punk hardcore. O que você vê de diferente na cidade que influencie nessa cena local? E quais bandas já passaram por aí e quais estão nesse momento gravando com você?
Daniel - No começo achava que por Recife historicamente ter algumas bandas com boa circulação, isso desse um gás para novas bandas e tal, depois de um tempo percebo que não, as vezes acho que até bandas novas são esse gás para as antigas… e talvez a localização da cidade no mapa, contribui como ponto estratégico de parada das turnês das bandas que circulam pelo nordeste, e o contato com coisas novas acaba influenciando na musicalidade das bandas da cena local.
Caramba muita coisa boa já passou por aqui… irei listar algumas mais é imposível de cabeça lembrar de todas, mais ai vai; Marky Ramone & The Intruders ,CJ Ramone, Misfits, Zumbís do Espaço, Lagwagon, Holly Tree, Gritando HC, Cólera, Ratos de Porão, Invasores de Cérebros  Lobotomia, Discarga, Plastic Fire, Dead Fish, Zander, Mukeka di Rato, Blind Pigs, Garotos Podres, Jason, Carbona, Motörhead a velho não lembro mais, tenho certeza que esqueci de alguma!
Das que estão gravando comigo acabei de finalizar o trampo da Molder banda teoricamente nova que me surpreendeu galera gente fina! tem a Nark com trampo novo e o Campo Minado que estou curtindo muito fazer essa gravação.
Video do Aniversário de 15 anos da Ugly Boys em Recife.
http://search.4shared.com/postDownload/Pd_8cgEF/Ugly_Boys_-_The_Radio.html
Espero ter contribuído com o Blog e qualquer coisa entrem em contato! Abraço.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Diário de Bordo da Turnê Nordeste


Depois de mais de um mês sem postar nada aqui no blog, por causa da Turnê Nordeste com as bandas Cama de Jornal (BA) e Horda Punk (SC), realizada de 11 a 19 de Janeiro de 2013, estou de volta. Esse rolé tomou muito meu tempo, com vários meses de preparação, e fiquei impossibilitado de manter o Tosco Todo atualizado.
Mas voltando a movimentar por aqui, com o video do Diário de Bordo da Turnê Nordeste. 10 dias de muito punk rock, novas amizades, conhecendo cidades diferentes, com culturas das mais diversificadas. No video abaixo você poderá ver não só a Cama de Jornal e Horda Punk no rolé, mas verá principalmente a galera das bandas das cidades por onde passamos, e que movimentam a cena local com muita honestidade e sinceridade.
Diário de Bordo da Turnê Nordeste com Cama de Jornal e Horda Punk.
Deixo aqui o agradecimento ao Zit Anarcopunx, Dinho Batera, Egberto Insano, Vinicius Ramone, Elias Galvão, Maximilian de Queiroz, Luiz Fernando, Allan Victor Paz, André Dranze Raw Punk, Fernanda Noberta, Hallyson Cavalcanti, Danilo Cruz, Lenon Reis, e um agradecimento as bandas: Exclusos, Cidadão Dissidente, Nute, Violência Suburbana, Vonteese, Kranko, Guerra Urbana, Arquivo Morto, Aorta, Johnny 13, Donna Benta, Malaco Véio, Sbornia Social, Norfist, Kalmia.
Agradecemos a todos que abriram suas casas/espaços para que pudéssemos dormir/tocar, sem vocês nada disso aconteceria. O nosso muito obrigado a todos que de alguma forma contribuiram para que os shows acontecessem, e principalmente a todos aqueles que compareceram e compartilharam conosco o mais puro sentimento de Amizade e Punk Rock!!!
Obrigado Cruz das Almas-BA, Feira de Santana-BA, Penedo-AL, Recife-PE, Paulo Afonso-BA, Ribeira do Pombal-BA e Salvador-BA!!!
Foi histórico e inesquecível para todos nós!!!
Até hoje ainda estou sem palavras para descrever o que aconteceu durante toda a viagem. Então deixo aqui, a mensagem do Houly, vocalista da Horda Punk, que viajou junto com a Cama de Jornal, e soube expressar bem o que se passou nesse rolé...
por Nem, Vocalista da Cama de Jornal.
Preparação para a saída da Turnê Nordeste 2013
"De volta pra casa, depois de mais de 20 dias na estrada, percorrendo mais de 7800 km, é bom poder estar em casa de novo, mas a correria dessa Turnê Nordeste com Cama de Jornal em todos estes dias, da vontade de voltar e revive-los, recomeçar e não mudar nada, simplesmente fazer tudo de novo. Desde o dia 03 de janeiro quando a HORDA PUNK , saiu aqui de Santa Catarina, não sabíamos ao certo o que encontrar, queríamos punk rock e curtição, mas encontramos muito, muito mais, encontramos amigos que levaremos para o resto de nossas vidas. 
Eu Houly, em nome da HORDA PUNK, quero agradecer inicialmente a todos da Banda Cama de Jornal, a Nem Tosco Todo , pelo planejamento e execução dessa odisséia formidável como foi a turnê, por nos receber em sua casa e nos agüentar por mais de uma semana, e ainda agradecer as refeições de Ana Ana Virgínia de Carvalho, a Lazaro Cama de Jornal pelo companheirismo, Rose Cama de Jornal pela parceria de seresta, Helder Cama de Jornal pela paciência, pela parceria e irmandade desses dias convividos de punk rock.
Horda Punk e Cama de Jornal  na casa de Nem.
Começamos a turnê no dia 11.01, em Cruz das Amas BA em Casa de Dinho, lugar underground, contracultura com suas paredes panfletadas, sempre de braços abertos a todos, lugar simples, mas nem por isso menos importante do que regiões maiores, Zit Anarcopunx e Dinho Batera, o underground vive pelas mãos de pessoas como vocês, força sempre.
Horda Punk na Casa do Dinho Batera em Cruz das Almas-Ba.
Em seguida, fomos a Feira de Santana BA, fomos acolhidos pela família de Egberto e comida caseira de sua mãe, para fazer um som em sua chácara, debaixo de um pé de Siriguela, ao ar livre, com toda aquela galera pisoteando o seu gramado, temos muito que agradecer a vocês, Egberto Barbosa Miranda e Vinicius Ramone pela grande oportunidade, e sua mãe novamente pelo chá que salvou a guela dos vocalistas.
Cama de Jornal, Horda Punk e Egberto e família em Feira de Santana-Ba.
Já em Penedo AL, temos que lhe agradecer Maximilian de Queiroz, por acreditar, mesmo com todas as adversidades, com tudo e todos contra, você foi lá e fez, a simplicidade tornou o fim de noite de domingo, um show especial, partilhando o palco ainda com o guerreiro Elias Galvão da banda KRANKO KRANKUDOS, e ainda Max pelo inusitado alojamento velho, dormimos literalmente na cadeia, isso é historia para contarmos uma vida inteira irmão, força sempre Max.
Show em Penedo-Al.
Seguimos então para, RECIFE PE, onde fomos recebidos pelos irmãos André Dranze Raw Punk e Allan Victor Paz, em suas casas, que armaram um show em praça publica no Mercado Publico do Casa Amarela, dividindo o palco com grandes bandas do punk nacional, como Aorta, Guerra Urbana. Incrivel é que ninguém precisava pagar ingresso, mas o fato de muitos contribuirem na caneca com um dinheirinho que podiam, aos moldes dos pubs europeus, demonstram a força de um grupo que luta pelo rock em primeiro lugar. Andre valeu os roles com a gente, o combinado é voltar para desbravar o HOLIDAY, mas isso é coisa pra uma semana inteira. Abraço irmão.
Turnê Nordeste em Casa Amarela, Recife-Pe.
E na quarta-feira, foi a vez de Paulo Afonso BA, tudo preparando pelo produtor HALLYSON CAVALCANTI, que mesmo sendo meio de semana, teve todo o cuidado para que tudo desce certo, e a grande recompensa foi exatamente o publico, mais de 80 pessoas prestigiaram as bandas da turnê e mais DONA BENTA. Cara acredite sempre velho, você é capaz, olha só o que você fez, que grande show.
Cama de Jornal e Horda Punk com a galera de Paulo Afonso-Ba.
No dia seguinte seguimos para Ribeira do Pombal BA, evento organizado por Danilo, onde tivemos o prazer de dividir o palco com outra grande banda de punk hc do nordeste brasileiro, a MALACO VEIO, galera ensandecida, pongueando o tempo todo, curtindo, cantando as musicas, ninguem queria ir embora, valeu muito a pena, obrigado JUNINHO.
Malaco Véio, Cama de Jornal e Horda Punk em Ribeira do Pombal-Ba.
E por fim, chegamos a Salvador BA, show no bairro Suburbano Plataforma, a galera compareceu mesmo, tinha até cadeirante no pogo, curtindo um sábado inteiro de bandas punk da melhor qualidade. Evento produzido pelo guerreiro LENON, velho força sempre, forte e grande é você, e não podia ser diferente, esse dia foi muito emocionante, ultimo show da turnê, ultimo dia de punk rock com grandes amigos, que agora fazem parte de nossa historia.
Galera de Salvador-Ba.
Ainda queremos agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para esse projeto Turne Cama de Jornal e Horda Punk pelo Nordeste Brasileiro, em especial a GILMAR DANTAS pelo apoio, OLIVER LIE BUENO nosso roadie, RODNEY roadie da Cama de Jornal, ED GOMA, as bandas Exclusos, Cidadão Dissidente, Kranko Krankudos, Guerra Urbana, Aorta, Descarga Negativa, Ladrões de Vinil, Donna Benta, Malaco Véio, Sbórnia Social, Pastel de Miolos, em especial a CAMA DE JORNAL grande parceira, e todos que participaram do pogo com a gente, confranternizaram ou simplesmente beberam um cerveja e curtiram um punk rock conosco, grande abraço a todos e esperamos nos encontrar novamente por alguma roda punk em qualquer lugar deste Brasil, de olhos marejados, lhes desejo muito punk rock.... meus amigos."
Por Houly, Vocalista da Horda Punk.
Cama de Jornal e Horda Punk nas margens do Rio São Francisco.