terça-feira, 12 de novembro de 2013

Tosco Todo Lança Misantropia

É com muita honra que o Tosco Todo-Selo de Divulgação participa do lançamento do CD "Cartão Postal" da banda alagoana Misantropia!!!
Esse lançamento foi uma parceria underground entre 14 selos, e conta com 9 faixas inéditas e mais duas de bônus, dessa banda punk mais antiga e ainda em atividade do estado de Alagoas que comemora 22 anos de estrada.
Interessados em adquirir esse trampo, entrar em contato por email: toscotodo@hotmail.com



 



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Lavage completa 10 anos de estrada


A banda celebra uma década de atividades com álbum novo, e me enviou esse release que conta um pouco dessa história:

Uma década de atuação na cena de rock independente sintetizados em 10 faixas. Essa foi a maneira escolhida pelo quinteto de punk rock Lavage para marcar essa data especial. Em um cenário fecundo de dificuldades, é cada vez menos frequente ver um grupo de rock atingir essa marca.

O novo álbum, “coincidentemente” intitulado “10” traz os elementos de punk rock que baseiam a estética da banda, juntamente com os de outras vertentes. Seguindo uma linha eclética de composição, claramente influenciada pelas experiências de outras bandas, como The Clash, a Lavage produziu um álbum bastante diversificado.

Gravado entre 2012 e 2013, o recente trabalho vem substituir “Punk Pop?”, de 2011. Ao contrário do álbum anterior, em “10”, a banda optou por não utilizar muitos recursos eletrônicos nas linhas de guitarra e bateria, o que resultou em uma sonoridade mais vívida e orgânica.

A primeira faixa, “Arte ou Nada”, reatou as relações do grupo com uma estética mais próxima do hard core, e propôs uma reflexão sobre o papel da arte na vida das pessoas. Na sequência, “Sexo, drinques e punk rock” utiliza uma guitarra simples e poderosa para discorrer sobre um estilo de vida pautado nesse explosivo trinômio.

Um breve instrumental chuta a porta e abre caminho para “O médico e o monstro”, outra canção com pegada HC, que trata sobre conflitos de personalidade, conforme antecipa o refrão: “Eu tenho medo de mim mesmo/ E de tudo que eu escondo de mim/ Por mais que eu não leve a sério/ Eu sou meu maior mistério”.

Nas faixas, “Krisis”, “Sua mãe também” e “Jerry Lee Lewis tinha razão”, o quinteto passeia por diversos estilos, indo do ska até o indie rock, passando pelo rockabilly.

Para arrematar o disco, as duas últimas faixas trazem versões ao vivo de duas canções do álbum “Krisis”, de 2008: “Terroreconomia” e “Mal-estar”. E é nesse duplo movimento de criar o novo, mas sem esquecer o passado, que a Lavage se prepara para seguir batalhando na cena rocker alencarina.

Veja aqui uma entrevista completa com o vocalista Bruno, realizada ano passado pelo blog Tosco Todo.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Entrevista com a banda Cadillacs

Depois de mais de um mês sem postar no blog, estou de volta com mais uma entrevista com uma banda que segue se movimentando no underground. O papo de hoje é com o Bolão Junior e com o Mori, guitarrista e vocalista respectivamente, da banda Cadillacs que acaba de lançar um CD novo. Formada em São Paulo em abril de 2004 por amigos e por simples e pura vontade de tocar punk rock, Esse é o som das ruas! Acompanhe e conheça mais sobre a Cadillacs!
Bolão Junior e Mori
1- Toda banda tem uma história sobre a formação. Qual foi a principal motivação para vocês montarem uma banda de punk rock?
Bolão Junior: Vontade de tocar. Eu sempre quis ter banda e num sabia tocar nada. Comprei um baixo e comecei a aprender. Aí conheci o Mori no cursinho que levou o papo de fazer banda pra frente. Ele recrutou o irmão dele, Filipe, pra guitarra e o amigo Cajá para bateria. Já tinha dois sons pronto que o Mori fez com o irmão dele. Fizemos o primeiro ensaio meio que acústico na casa dele.
Mori: Eu e o Bolão Jr. colávamos em muitos shows. A formação da banda foi apenas questão de tempo e encontrar integrantes com o mesmo feeling que o nosso.
Cajá comanda as baquetas
2- Quais eram as influências naquela época?
Bolão Junior: Bastante punk rock nacional e gringo. Eu conhecia pouca coisa na época, tanto nacional quanto coisa gringa. O tempo passou e já num lembro mais direito... dá pra citar com certeza Cólera, Phobia, Juventude Maldita, Flicts, Excluídos... porra, eu aprendi a tocar baixo tirando música dessas bandas aí... das gringas tem Sham 69, Stiff Little Fingers, The Clash e Rancid.
Mori: Putz, na êpoca já era grande o leque. Mas o único que ficava fora da influência Punk roots era o Filipe, meu irmão. Que tinha influências fortes de HxCx nacional e gringo.
Bolão Junior em ação
3- E hoje, o que a banda escuta? As influência continuam as mesmas?
Bolão Junior: Hoje mudou pra caralho. Neguinho escuta várias coisas e todas elas influenciam nosso som. Desde Desmond Dekker até Johnny Cash.
Mori: Vou com o Bolão. Nossas influências são muito diversificadas. Mas tudo influência positivamente os Cadillacs.

4- A banda surgiu em 2004, e já no ano seguinte lança sua primeiro demo chamada "Dando a Partida" com 10 sons. Como foi todo o processo desde a gravação até a distribuição? Tiveram apoio de algum selo nesse lançamento?
Bolão Junior: Esse foi no DIY total. Sem apoio de selo. Fomos muito impulsionados e influenciados na época pelos nossos amigos da extinta banda Sem Registro. Quando começamos eles já estavam lançando demo e fomos na onda, lançando a nossa 1 ano depois.
A gravação foi num estúdio que eu nem lembro mais o nome, com um cara que eu nem lembro mais o nome. Como primeira experiência foi positivo e a resposta da galera foi boa. Distribuímos no boca a boca mesmo e pela internet, que facilitou tudo.
Mori: Cara, até hoje não sei como chegamos no estúdio utilizado para a gravação….Rsrsrs. Decidimos que para ter mais visibilidade e assim tocar mais, precisávamos ter uma Demo com pelo menos 4 sons. E assim deixar a demo nas gigs. Mas estávamos produzindo nossas músicas muito rápido e decidimos que seria uma experiência positiva já incluir nossos 10 primeiros sons na demo. Essa gravação foi insana. Só para ter uma idéia, não tinha surdo. O Cajá deu um trato em um dos tons e mandou ver.

5- A banda já tocou com nomes consagrados como Invasores de Cérebros, DZK, Subviventes, dentre outras. Como é a relação de vcs com essa galera? É sempre uma sensação diferente em tocar com bandas desse nível, né?
Bolão Junior: Com certeza é do caralho dividir palco com nomes que você ouvia quando era muleque, em fita K7, se pá. A primeira vez que tocamos com banda mais consolidada foi no extinto Black Jack, com o Juventude Maldita.
O Mori conheceu o DMNT quando fazia aula na ULM. A partir daí, o Werner, que era um dos donos do Black Jack, começou a abrir várias datas pra gente ir tocando e chamando outras bandas. Importante dizer que todas as bandas que chamamos sempre tiveram uma atitude exemplar, mais do que bandinha que tá começando e se acha o ó do borogodó na fita. Enfim... hoje em dia, a relação é de amizade e troca. Juntos vamos levando a cena pra frente, mas tem muito a ser feito ainda.
Mori: É sempre um prazer dividir o palco com bandas que nos influenciaram. Ainda mais porque os caras são daqui e vivem os mesmos problemas diários que nós. Tocar com os caras nos dá uma energia extra!
Mori nos vocais da Cadillacs
6- Em 2010 a Cadillacs sofre mudanças na formação. O que aconteceu? Quem saiu e quem entrou?
Bolão Junior: Na época do Black Jack, as coisas iam bem pra gente. Estávamos organizando sons cada vez maiores e já estávamos começando a conquistar um certo público. Depois que o Black fechou ficamos meio que sem casa. Tentamos ainda shows em alguns lugares, mas num deu tão certo assim. Aí algumas bandas que eram parceiras acabaram ou pausaram e a parada meio que deu uma esfriada. Em 2009, estávamos tocando tipo 2 vezes por ano e ensaiando 3 vezes no ano, saca? Já num tinha mais aquela pegada. Aí o guitarrista Filipe anunciou que estava saindo para cuidar das coisas pessoais dele. Foi o momento que sentamos os 3 (eu, Mori e Cajá) e decidimos que se fosse pra continuar era pra ser de verdade, senão num fazia mais sentido. Na época eu já estava tocando com o Juventude Maldita... pra mim num fazia sentido continuar numa banda que estava meia bomba, tendo outra que estava no gás.
Foi nesse momento que decidimos continuar pra valer. Aí eu assumi a guitarra e a Kéu assumiu o baixo. Ela já conhecia a banda de antes e achamos que ia casar bem. Casou mesmo.
Mori: Os integrantes de uma banda sempre passam por um crescimento juntos. O Filipe participou deste crescimento e somos muito gratos. Quando se inclui um novo integrante muita coisa muda. Até porque as influências, pegada e opiniões são diferentes do antigo integrante. Mas a Kéu casou muito com o Cadillacs. Fazendo assim que nossa trajetória não desse uma freiada. Ficamos sem fazer show por longos períodos, mas sempre produzindo. E com a Kéu sempre no barco. Fico feliz por ela poder participar desta história conosco.
Atual formação da Cadillacs: Kéu, Bolão, Mori e Cajá.
7- Agora, a banda acaba de lançar seu primeiro CD. "Pra cima deles" tá bem produzido, com capa e encarte bem bacana. Como foi a produção/gravação? Tiveram apoio de algum selo nesse lançamento?
Bolão Junior: Porra, valeu! A arte é crédito do Cajá. Foi do caralho todo o processo. O primeiro CD da banda, foi gravado e mixado pelo meu irmão DMNT no Estúdio Noise Terror. Nós metemos a mão pra caramba na mixagem também. Foi muito legal o processo! Eu acredito que fazer uma gravação canal por canal, eleva o nível de execução sonora de uma banda. Todo mundo passa a prestar atenção em detalhes que antes não faziam nem diferença. Eu já tinha gravado com o Juventude, mas era baixo! Guitarra é foda, tem muita corda naquilo! Hahaha...
Mas de novo, sem selo. Nós por nós mesmos.
Mori: Mais uma vez a banda toda deu uma correria para o trabalho sair. Sem muita experiência na gravação e finalização de um disco, todos os integrantes tiveram de arregaçar as mangas e fazer o negocio acontecer. O apoio que contamos é sempre a força de amigos, bandas parceiras e de quem curte a banda. Que sempre nos cobra! O DMNT sempre foi muito importante, pois sempre está nos levando para o próximo passo.
Novo trampo disponível: "Pra cima deles"
8- Como foi pegar o primeiro CD na mão, depois de tantos anos na luta? Qual a sensação?
Bolão Junior: Sensação de criança no dia das crianças no parque das crianças, saca? Nada paga, mó orgulho. Mesmo que dê tudo errado, tem 1000 cópias do nosso disco voando por aí pelo Brasil e pelo mundo. E isso é do caralho!
Mori: Tudo que se faz com suor vem com gosto de vitória. E injeta um fôlego a mais para continuar a correr atrás. Nossas letras sempre são vomitados de indignação sincera. Ver este trabalho finalizado é uma puta conquista.
Kéu no baixo
9- E agora, quais são os planos?
Bolão Junior: Tocar, tocar e tocar. Queremos divulgar o trabalho e na medida do possível tocar mais fora de São Paulo. Ano que vem, fazemos 10 anos. Queremos fazer algo bacana. Fora isso, temos 5 sons novos já prontos que vamos gravar esse ano ainda e lançar na internet.
Mori: Estou com o Bolão. Tocar é a meta, em tudo que for lugar.

10- Obrigado pela atenção. O espaço é de vocês para falarem o que quiserem, divulgar links, contatos e o que mais acharem importante!!!
Bolão Junior: Obrigado pelo espaço cedido para divulgar o nosso trampo. Não vou dizer pra comprar o nosso disco, porque isso num é importante. Escute nossas músicas. Escute as músicas das bandas da sua cena local. Valorize o movimento e faça acontecer, pois se não fizermos ninguém vai fazer por nós!
Mori: Nós é que agradecemos pelo espaço. E dizer que a unidade consciente pode fazer a diferença. Um movimento ou uma idéia não segue sem que todos estejam andando para o mesmo destino.
Para maiores informações e adquirir material, entrem em contato aí:
facebook.com/cadillacspunkrock

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Aorta faz lançamento de EP "Acorde"

A banda Aorta lançou seu EP "Acorde" em Recife e o Guitarrista Emanuel nos contou como foi a festa. Acompanhe aí!!!

"E foi mais ou menos assim:
As bandas Aorta e Molder lançaram os Ep’s “Acorde!” e “A Cidade Dá Sinais” respectivamente, no último dia 10/08 na Estação do Reggae no Recife Antigo. A ideia veio de Emanuel e Jonathan ambos integrantes das bandas e numa conversa formal via facebook, chegaram à conclusão que já havia passado da hora de lançar os trabalhos que já estavam prontos desde o primeiro semestre.
Aorta em ação!
Convidamos as bandas Lepra de Grindcore que mandou um set veloz, raivoso e de muito peso, a Unscarred que mandou um set que foi sem comentários com influência notória do mais puro Trash Metal, a Nômades que apesar dos atrasos, rolou um set de Hardcore/Punk de clássicos e músicas novas, matando a saudade da galera que estava presente, a Nark que também lançou recentemente o disco “Sobrevivendo Aos Tiros da Reintegração de Posse”, mandou um set da melhor essência oitentista do Punk/Hardcore com clássicos e músicas do último trabalho com direito a participação de Davi do Nação Corrompida que seria a última banda convidada da noite, e mandou muito bem num set clássico e destruidor do melhor Crossover/Trash de Maranguape que é puro Power Violence.
Galera que foi e se divertiu no lançamento
A noite foi de som pesado e diversificado, tentando quebrar um pouco esse lance de nicho isolado e resquícios de que determinado estilo não rola, nem cola com tal estilo, etc. Passando por cima disso, a festa foi bem recebida por todos os presentes e o som foi do Punk/Hardcore oitentista da Nark, passando pelo Hardcore Californiano da Molder que mandou um set destruidor de músicas do EP em lançamento e músicas inéditas, o Hardcore/Punk da Nômades e da Aorta que também mandou um set nervoso a lá old school com algumas músicas inéditas e os sons do EP em lançamento, a Nação Corrompida com o seu Crossover/Trash ultra veloz, a Unscarred com seu Trash Metal fazendo o público presente enlouquecer com seus riffs e o Lepra com seu Grindcore furioso, insano e veloz. Enfim, foi tudo muito foda...
Quem quiser encomendar sua cópia física do projeto, manda um e-mail para: aortaoficial@hotmail.com"
Por Emanuel Almeida
Guitarrista da banda Aorta
Confira o video do lançamento

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Banda Nute lança EP

A banda baiana Nute, da cidade de Alagoinhas, acaba de lançar um EP. Com 7 sons gravados entre Janeiro e Fevereiro de 2013, esse material teve a produção de Lucas Costa e da própria banda. Conheci a Nute durante uma turnê pelo nordeste com minha banda, e gostei do que vi. Se ficou curioso, baixe aqui no Tosco Todo o EP "Queimando Asfalto", material bem bacana e divirta-se!!!
Clique AQUI para baixar
Nute é: Odisnei Santos, Leandro Matos e André Fiscina.

domingo, 7 de julho de 2013

Banda Nark lança CD em Show

No próximo sábado (dia 13 de Julho) a banda NARK, lá do Recife-PE, estará fazendo o lançamento do seu mais novo trabalho, o CD "Sobrevivendo aos tiros da reintegração de posse". O show será as 20 horas, na Estação do Reggae, lá no Recife Antigo.
A festa contará ainda com a presença das bandas Guerra Urbana, Mente Podre, Palafita e Chave Mestra. E terá ainda a apresentação de videos documentários, além de venda e escambo de materiais alternativos e undergrounds. Não conhece a NARK? Clique aqui e leia entrevista ao blog Tosco Todo.
Então agende aí:
A banda já disponibilizou para as/os amigas/os duas músicas do disco novo para stream (ouvir online) ou download no seu soundcloud:
- "Por que você é contra o aborto?"
- "Dom Helder holocausto"

Gravado e mixado por Daniel Farias, no primeiro semestre de 2013. Conheça mais sobre o trampo do Daniel clicando aqui.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Entrevista com o Diego do Resto de Ontem

No meio de uma correria e outra, estou de volta com mais uma entrevista. os poucos vamos voltando a manter a média de uma entrevista a cada semana. E o entrevistado de hoje é o Diego Motta, baixista da banda Resto de Ontem, lá da cidade de Bebedouro, interior de São Paulo. E se você estiver procurando conhecer boas bandas vindo do interior, então acompanhe o bate papo com o Diego e saiba mais sobre a banda Resto de Ontem!!!
Diego Motta, baixista da banda Resto de Ontem
1- Quando foi que se reuniram pra formar o Resto de Ontem?
Diego Motta - Bom... Por volta de 2007 começamos a ensaiar e consequentemente a tocar. Nosso primeiro show foi no ínicio de 2008... O Buzon tocava bateria e vocal, o Dim na guitarra e eu (Diego) contrabaixo.Todos nós tivemos bandas no passado, algumas em comum, por isso o nome da banda é “Resto de Ontem”.
Dim, Buzon, Pery e Diego
2- E aí gravaram a primeira demo, "Só no Sarrafo". Nessa época a banda já tocava muito ao vivo por aí?
Diego Motta - Quando gravamos “Só no sarrafo” na verdade foi mais como uma experiência, pois queríamos muito poder ouvir o que estávamos tocando. A ânsia de mostrar o nosso som acelerou muito isso! No início, tocávamos em vários lugares!! Mas, mesmo nessa época, tocávamos no máximo 2 vezes no mês, devido a falta de eventos voltado para o gênero na região na época...estávamos conhecendo as bandas da nova cena...refazendo os contatos.
2008
3- Na segunda Demo, "Sonho e esperança" teve uma mudança na formação, né? Como é o processo de gravação do trabalho de vocês?
Diego Motta - Na segunda Demo ("Sonho e esperança") o Pery (baterista) entrou na banda. Passamos a ser 4 pessoas dando suas contribuições com suas influências. "Sonho e esperança", foi mais divulgado que a demo anterior e com algumas características únicas...caprichamos mais nessa, mas a 1ª demo foi muito importante para a continuidade e amadurecimento do trabalho. Fizemos essas gravações, tanto “Só no sarrafo” quanto a “Sonho e Esperança” de forma bem caseira, usando softwares livres disponíveis na internet.
2010
4- E na gravação da demo "O Tratamento" a formação se estabilizou? Quando foi que gravaram esse material?
Diego Motta - No ano em que gravamos"O Tratamento", estávamos com 2 guitarristas, o Marcelão que hoje toca na banda Subcultura, tocou conosco por algum tempo.Gravamos essa demo em meados de 2011 e da mesma forma que gravamos as 2 demos anteriores! Depois de algum tempo o Marcelão deixou a banda por motivos maiores, mas continua fazendo um som...parceirão.
2011
5- Tocar no underground é bem complicado, principalmente fora da sua cidade de origem. O que vocês tem feito pra conseguir driblar esse problema?
Diego Motta - Esse realmente é um problema para a maioria das bandas que buscam um espaço no cenário. Os convites que recebemos, geralmente são de eventos em outras cidades, muitas vezes cidades bem distantes, sem ajuda de custo. É sempre um prazer tocar, mas o “financeiro” atrapalha e dificulta, e infelizmente para a maioria das bandas é um sacrifício muito grande. Por outro lado, o público “rock” em geral hoje não é tão fiel como víamos antigamente, dão preferências a bandas gringas, No final, as bandas acabam pagando pra tocar...muitos literalmente, pois aqui na região em alguns eventos, tanto com bandas internacionais como nacionais de porte maior, os organizadores cobram um valor “x” das bandas da região para que essas bandas possam participar abrindo esses eventos ....muitas bandas pagam. É uma vergonha pra cena, para o rock e para as bandas que adotam esse tipo de conduta. Mas enfim... Estamos nos reorganizando financeiramente (não está fácil pra ninguém), fazendo músicas novas, e correndo atrás... Parar jamais!
Resto de Ontem em Araraquara
6- Outro dia eu estava vendo uma resenha de uns rolés punks no interior de São Paulo (no blog do Pira HC, o Bola de Fogo), e tinha um som aí em bebedouro. Nos fale um pouco sobre a movimentação da cena local, e quais são os pontos positivos e os negativos:
Diego Motta - Podemos citar como grandes eventos da cena no interior e até do estado de São Paulo o Fest Punk Bebedouro e o Araraquara Punk...São eventos de primeira, bem organizados, com bandas importantes da cena do interior e nacional e uma galera muito gente boa e unida. Isso é o que dá uma animada nas bandas do interior!! Esses eventos ocorrem pelo menos uma vez ao ano, entre outros esporádicos! O ponto negativo é que ainda acho que rola uma falta de entendimento no tamanho da fatia que o interior representa no cenário punk! Acho que rola uma supervalorização no quê é gringo e uma grande depreciação no que de fato é nosso! Banda nacional passa a ser valorizada quando vai tocar na Europa, Estados Unidos, mas se for analisar na prática mesmo, é tudo a mesma coisa!
Resto de Ontem no Fest Punk Bebedouro-2013
7- Desde o início, quando montaram a banda, vocês já sabiam das dificuldades, né? Como é sobreviver no underground? Cada um tem seu trampo?
Diego Motta - É difícil mesmo e sim, já sabíamos! Sempre tivemos envolvidos com o movimento, com o rock e suas vertentes de alguma forma, principalmente o punk e hardcore. Mas aí, quando você resolve levar a sério (como é o caso agora com o Resto de Ontem), você começa a se deparar com outras dificuldades, começa a entender como realmente funciona...e só os fortes sobrevivem cara!! É muito trabalhoso, entrar num estúdio, passar horas, dias,semanas, refazendo arranjos, trechos, melhora aqui e alí...Sem contar que se for um trabalho independente, aí complica mais ainda, por que além de tudo isso, você ainda tem que gastar dinheiro...depois, manda prensar, mais dinheiro...e aguarda ansiosamente...Aí você começa a se deparar com a realidade...Um exemplo disso, foi quando descobrimos que a melhor forma de divulgar o seu som é através de um selo, mas é claro, você precisa ter o seu selo, trocar seus cd’s com outros selos, e aí você vende o cd do selo que você trocou e o seu! Fiquei muito decepcionado quando descobri que era isso que rolava...imaginamos que era só arrumar um selo e pronto!!! rs...mas existem outras formas de distribuir os cds e parcerias são importantes. É necessário muito esforço e dedicação...vontade mesmo...é preciso ser punk de verdade senão você não aguenta e desiste. E pra fechar a pergunta...sim, por enquanto, todos nós temos um emprego além do Resto de Ontem.
8- Vocês também participam de movimentos, como o ZeiTGeist. Nos fale um pouco sobre isso:
Diego Motta - Na verdade todos conhecemos o movimento Zeitgeist, participamos cada um a sua maneira, gostamos dos ideais e finalidade. O Movimento Zeitgeist é muito justo e sóbrio...sem enganações....é nos mostra a verdade, então não tem como fugir, apesar de um ou outro integrante levantar alguns questionamentos sobre religião, expostos no documentário... Projeto Vênus, bacana também... e apoiamos todos os movimentos justos com causa voltada para o bem estar geral...Mas o ideal é apoiar esse tipo de iniciativa do Movimento, mas não ficar “bitolado” nem muito fascinado...Senão vira fanatismo e isso como temos visto por aí, nunca é bom!
CD Punk Sempre Punk-2013
9- O Resto de Ontem lançou recentemente seu primeiro CD, que teve a participação do Nhonho (Márcio Ferreira, ex vocalista do Psychic Possessor, e Distrito da Fraude) que faleceu recentemente. Como foi todo esse processo, desde a gravação, até o lançamento. O que a galera pode esperar desse novo trampo da banda Resto de Ontem?
Diego Motta - É...Lamentavelmente, nosso amigo Nhonho se foi...Um cara muito simples e humilde...vai deixar saudades...Foi e será pra sempre muito importante pro Resto de Ontem e para os demais amigos. Se eu não me engano, nosso 1º CD, foi o seu ultimo trabalho antes de partir...a última música, “Sistema Falso” ele canta com o Buzon (vocalista). Gravamos o instrumental e enviamos a música, e em Santos, num estúdio ele colocou a voz.
O processo de gravação foi mais demorado que imaginávamos, pois entre o inicio das gravações e a entrega do Álbum (Punk Sempre Punk), lá se foram mais ou menos 3 ou 4 meses... Foi num estúdio da cidade (Bebedouro - S.P) mesmo e prensamos em São Paulo.
É um cd diferente das demais demos apesar de ser, na verdade uma coletânea de nossas 3 demos. Fizemos algumas versões/modificações na maioria das músicas, e gostamos do resultado...Tem uma pegada diferente do Punk/Hardcore tradicional e com certeza quem gosta vai entender essa diferença e dar valor ao som...e quem quiser ouvir algo diferente, eu recomendo, rss . O lançamento desse Álbum ( Punk Sempre Punk) foi em São Caetano, (no Cidadão do Mundo) e foi bem legal...
Participação de Nhonho no show da Resto de Ontem em Bebedouro-SP
10- Valeu pela atenção, o espaço é de vcs pra divulgar contatos, falar o que não foi dito ainda...é com vocês:
Diego Motta - Somos uma banda Punk/HardCore formada em 2007. Por motivos maiores ficamos 10 anos parados, daí o nome da banda, juntamos novamente e voltamos a protestar!

Contatos: 
TELEFONE: (17) 8803-7156 e (17)9156-5709
myspace Resto de Ontem:

terça-feira, 11 de junho de 2013

Entrevista com o Cäaio da Overdrive Punk HC

Depois de alguns meses de ociosidade aqui no blog, estou de volta com uma entrevista bacana com mais uma banda do interior nordestino. Desse vez, conversei com o Caaio Cobaia, da banda Overdrive Punk HC, lá de Petrolina-PE. E ele nos fala um pouco sobre a história da banda e a cena local. Pra quem, como eu, é curioso sobre o underground, boa leitura!!!
Cäaio Cobaia
1-A Overdrive surgiu em 2007. Como era a cena naquela época? Já haviam tocado em outras bandas?
Cäaio Cobaia: A cena na época, quase não tinha nada. As bandas estavam paradas, outras acabaram, era um ostracismo grande, eram muito poucos eventos, bandas fracas, enfim, ainda hoje a cena é meio bipolar...um sobe e desce danado...antes da Overdrive eu toquei nas bandas De Mal a Pior (guitarra e vocal a minha primeira banda em 2004) em 2005 toquei baixo na Fúria Ribeirinha e de outubro 2006 até julho 2007 toquei guitarra na Lixo Tóxico. A Overdrive surgiu em 24 de julho de 2007, eu sou o membro fundador, e a formação original era eu na guitarra, Cleudo na Bateria, Wilha no baixo e Alex no vocal .
Overdrive Punk HC 2013 da esquerda p/ direita: Jonathan, Bruno, Lameque e Cäaio. 
2-Em 2008 um dos integrantes veio a falecer. Como aconteceu e o que levou vocês a seguirem com a banda?
Cäaio Cobaia: Sim, Em março de 2008 eu convidei Netinho, um amigo meu para entrar no lugar de vocalista que antes era o Alex, e nossa, tudo ia bem, ele foi se adaptando legal a banda...mas aí um certo dia fomos surpreendidos pela a família dele ao nos comunicar que ele tinha sido baleado num assalto e que estava na UTI do hospital, ficamos um mês parado, aguardando a recuperação dele...mas só que aí recebemos outra noticia que não foi nada boa que ele havia falecido por um problema de hemofilia...ou seja, o sangue dele não coagulava e dificultava a cicatrização do ferimento...foi muito tenso...foram só dois meses e meio..ele ainda estava se adaptando e conhecendo o restante do pessoal da banda, só eu mesmo o conhecia bem..éramos amigos de cursinho pré vestibular...eu fiquei muito desanimado, ele era um cara gente boa, criativo e foi uma pena perde-lo. O que me revoltou foi a impunidade, a violência sem solução desse país. Mataram o cara e ficou por isso mesmo...é foda...mas aí a vida segue, a vontade de não desistir e continuar fazendo a zuada falou mais alto e resolvemos continuar mesmo assim... 15 dias depois eu assumi os vocais e a guitarra por um tempo.

3-Depois de várias tentativas de manter a formação instável, mas com a passagem de vários integrantes pela banda, finalmente a Overdrive Punk HC lança o primeiro disco chamado "Por um mundo mais justo". De onde surgiu a idéia de gravar e como foi todo o processo?
Cäaio Cobaia: Pois é, após termos perdido Netinho...tivemos duas formações que não deram certo. Um troca-troca danado...tá doido! (risos) as coisas só melhoraram meses depois quando o Bozo entrou para o baixo e Lameque (o nosso vocalista atual) assumiu os vocais...sendo assim uma das formações clássicas da banda...Nossa! Foi totalmente louco esse processo, a banda estabilizada e a todo vapor...ficamos na empolgação de gravar logo o nosso disco...antes queríamos um demo...mas ai o espírito “underground” falou mais alto e colocamos logo como nosso primeiro álbum que foi produzido pela própria banda e lançado em Outubro de 2008. É nesse disco que estão as nossas primeiras composições, a qualidade e a produção do disco é ” tosco todo”..gastamos apenas 60 reais e gravamos num estúdio de jingle...pra mim é o melhor álbum...é punk mesmo, lembra aquelas gravações podronas dos anos 80 (risos) porém foi um disco que teve impacto na época, pois contribuiu para que a cena de rock local voltasse a se movimentar, já que tava tudo parado, as bandas estavam na preguiça de fazer algo..só a gente e poucas bandas trabalhavam naquele tempo. "Por um mundo mais justo" apesar da gravação ser tosca é um dos poucos álbuns completos de uma banda punk de petrolina! Aqui há uns 7, 15 anos atrás existiam outras bandas punks ativas na cidade que gravavam seus materiais mas eram só demos ou EP’s...e depois disso muitas paravam e até acabavam..a única que eu conheço sem ser a Overdrive é a banda Peraltas, que gravou um álbum completo e depois acabou em 2007...já a Overdrive dois anos depois em 2008 veio com a idéia de fazer o álbum completo porque queríamos simplesmente chamar a atenção e quebrar esses padrões.
Download aqui.
4-Ter uma banda de Punk Rock no interior do Nordeste é bem complicado. Gravar um disco então, nem se fala, né? Quais as principais dificuldades enfrentadas por vocês no início?
Cäaio Cobaia: Nossa! Ainda hoje não temos um local fixo pra ensaiar, sempre pulamos de “ galho em galho”, as vezes falta mais investimento nos nossos materiais...as vezes tem uma coisinha aqui outra ali...mas a gente vai resistindo e fazendo o que pode só não pode deixar o som parar! O que sempre nos motiva é a nossa criatividade, a nossa energia, a vontade de querer passar a mensagem...mesmo estando praticamente sozinhos aqui. É meio triste numa cidade com 300 mil habitantes não existirem mais bandas do nosso estilo pra nos unirmos e formarmos a nossa cena de punk rock/hardcore, poxa....seria massa demais se existisse...todo mundo sairia ganhando. Mas quem sabe um dia...
Caaio com as 4 cordas da Overdrive Punk HC
5-A banda também produz seus próprios shows. Isso facilita bastante a divulgação, né?
Cäaio Cobaia: Com certeza! A gente faz os eventos tudo por conta própria, porque se for depender dessas panelinhas dos festivais e coletivos que não são do nosso ramo, estamos é lascados! Se não fosse isso não teríamos o nosso público que pelo menos curte a barulheira.

6-Em 2010 a Overdrive Punk HC lança o CD "Desordem e Regresso". Como foi a concepção desse material? Seguia a mesma linha do primeiro? Como foi o processo de gravação?
Cäaio Cobaia: O Processo de composição foi durante o início de 2010. Nós já tínhamos muitas músicas inéditas feitas e algumas que eram da época de 2008 que estavam sobrando, ai nós juntamos e produzimos o álbum...também de forma independente...foi um pouco mais elaborado dessa vez... gravamos num estúdio melhorzinho (risos), as sessões foram em apenas um dia...foi tudo muito simples. O disco tem uma qualidade de gravação muito superior ao antecessor, ficou bem legal de ouvir...eu mesmo escutava quase todo dia depois que foi lançado...e na sonoridade segue a mesma linha do antecessor, foi lançado durante a época da copa do mundo de 2010, e mostra bem claro a simplicidade e a energia do punk rock.
Download aqui.
7-Praticamente um ano depois, a banda já lança outro disco, chamado “A.D.R. (Acidente Destrutivo Radioativo)”. Aí já mudaram um pouco a sonoridade. O que causou essa mudança?
Cäaio Cobaia: Nossa! Vou tentar resumir um pouco. No final de 2010 depois do lançamento de “Desordem e Regresso” a formação clássica começou a se desmembrar. Bozo saiu e ficamos sem baixista, logo depois chamamos Jonathan e após uns dois shows, Cleudo também saiu por motivos particulares...ai ficamos sem baterista. Passamos uns tempos parados e colocamos Bruno. E aí começa uma outra fase que esta sendo muito promissora para a banda, sendo essa a nossa formação atual...eu e Lameque somos os bodes velhos (risos)...e poxa esses caras que entraram tocam pra caralho, ai trouxe mais afinidade e a banda ganhou muito mais gás e empolgação para fazer as coisas. Desde então adotamos uma proposta de som ainda mais rápido, sujo e agressivo, estávamos a todo vapor novamente, sempre gostamos de produzir e de criar, e ai ensaiamos muito e fizemos músicas novas...e 5 meses depois resolvemos gravar o disco...A.D.R seguiu o mesmo padrão independente dos outros. Foi gravado no mesmo estúdio do antecessor durante 3 dias, com ajuda do nosso brother Clebinho. E eu e Jonathan fizemos a mixagem. Lançamos em agosto de 2011, o disco é fudido (risos) e até agora tá sendo o que está em melhor divulgação.
Download aqui.
8-Depois de vários anos na cena underground, com uma pá de formações, alguns discos lançados, vários shows pela história...agora, olhando para trás, valeu a pena? Fariam tudo de novo do mesmo jeito? O que mudariam?
Cäaio Cobaia: Valeu sim! Fico meio sem jeito de falar...sei lá. Eu fico muito nostálgico contando isso, porque ter uma banda é massa...eu amadureci muito com o tempo...sou o único integrante original que tá aí na batalha e pretendo tocar muito ainda..somos novos ainda e penso bastante no futuro. Lançando mais álbuns daqui pra frente, continuar enchendo o saco dos que se acham os fodões da cena local (risos), quem sabe fazer muito show fora daqui e ações ativistas para ajudar as pessoas pobres e também adotar práticas contra a poluição do meio ambiente. Overdrive é isso ai, é barulheira, energia, conscientização...e underground!

9-Muito obrigado pela atenção. Deixem aqui uma mensagem positiva pra galera que acompanha a banda, e pra quem acabou de conhecer...pois novos contatos são bem vindos, não é?
Cäaio Cobaia: Primeiramente agradeço a vocês do Cama de Jornal pela oportunidade, que pra mim tá sendo muito massa esse momento, pois eu comecei ouvindo vocês em fitas k7 em 2004! Sou fã de vocês e fico muito lisonjeado...e ao pessoal que acabou de nos conhecer espero que curtam aí os nossos trabalhos e se gostarem da somzeira, qualquer coisa estamos aí no facebook pra manter o contato. E o que eu tenho a dizer pra o pessoal que nos acompanha é: faça você mesmo, não desista, resista e faça barulho! Valeu Neeeeeeeeeeeem! Abraço a todo mundo aí de Conquista e a todos que compartilharam dessa entrevista!! Valeu!
Contatos:
Telefone: (087) 8828-2219 / 9661 1319


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Entrevista com a banda Declínio Social

Depois de mais uns dias sem movimentar o blog, estou de volta. Dessa vez a entrevista foi "puxada" do Zine Insanity Crusties. Eu explico o que aconteceu...Havia solicitado uma entrevista já há algum tempo a banda Declinio Social, através do Felipe, lá de Divinópolis-MG. O tempo passou, e por vários contratempos pessoais, ele não pode me responder. Então ontem ele me passou um link com uma entrevista que eles haviam dado para um zine, e quando fui ler, era basicamente as mesmas perguntas que eu havia feito anteriormente. Sendo assim, achei que seria legal divulgar aqui, não só a entrevista com a banda, mas também o Zine Insanity Crusties, muito bem produzido pelo Gritão, lá de Sampa. Valeu por liberar a entrevista para postar aqui no Blog Tosco Todo!!!
Felipe, Lucas e Chegado formam a Declínio Social.
1- Quando a banda começou e qual foi a proposta inicial da banda?
Lucas “Cavera”: A “Declínio Social” nasce como projeto no final de 2002,especificamente no contexto das manifestações e plebiscitos contra a ALCA (Área de livre comércio das Américas), projeto imperialista Estadunidense de domínio econômico e político das Américas. Nas manifestações e viagens vinculadas a estas atividades, começamos junto a Nandão (ex vocalista) e Fernando “Doido”(ex baterista) pensar em um grupo, que vinculasse nossas concepções políticas e musicais, em um mesmo projeto. A partir daí Nandão e Doido se conectaram com Felipe e também a Frederico (ex guitarrista), onde começamos efetivamente a pensar os projetos e ideias que viriam a concretizar-se na “Declínio Social” em Janeiro de 2003.
Felipe: A banda é formada no fim de 2002, mas os ensaios se iniciam no inicio de 2003. Desde então, passamos por muitas experiências, mudanças na formação, gigs, viagens, lançamento de materiais, tivemos oportunidade de conhecer muita gente, fazer novas amizades (algumas destas creio e espero que levaremos pro resto de nossas vidas), outras realidades, possibilidade de intercambiar vivências, passamos por momentos fantásticos e também por algumas decepções e frustrações. A ideia inicial era fazer um som hardcore/punk direto com temáticas de cunho libertário e questões cotidianas, usando a música como uma forma de expressão e resistência aos padrões impostos, além de expor nossos sentimentos, angústias e convicções. Além da música, a proposta sempre foi e continua sendo trocar materiais, experiências, conhecer outras realidades, fazer novas amizades, viajar, tocar e levar a mensagem onde for possível. Acima do conceito de banda, somos um grupo/coletivo de amigos que temos bastante afinidade, gostamos muito de viver/criar/compartilhar momentos e experiências juntos.
Chegado: Minha primeira participação como baterista do Declínio Social aconteceu em novembro de 2006, sendo bastante inusitada. Após a desistência do então baterista (Fernando Doido) a um rolé marcado para tocar em SP (Germinal) fui convocado as presas para substitui-lo encima da hora. Sem ter como ensaiar, porém já conhecendo as musicas encarei o convite. Alguns anos mais tarde após a saída do então baterista (Weverson Tiririca) fui convocado novamente para uma mini tour SP/Paranaguá- PR/Curitiba, onde após seu termino permaneci no grupo até os dias atuais.
Baixe ou visualize o Zine em PDF
2- Quais são as formações pelas quais a banda passou? Qual a atual?
Felipe: Nestes quase dez anos de resistência e persistência, a banda passou por algumas mudanças na formação e acreditamos que cada membro que está na banda hoje e os que passaram, somaram muito, tanto sonoramente,quanto ideologicamente. A formação inicial da banda era Nandão (vocal), eu (Felipe- guitarra/backing vocals), Frederico (guitarra), Lucas "Cavera"(baixo/backing vocals) e Fernando "Doido"(bateria). Essa formação permaneceu até o ano de 2005, quando Frederico deixa a banda horas antes da gravação de nossa primeira demo. Assim a banda passa a ter somente uma guitarra. Já no início de 2007, Nandão e Doido também saem da banda. Com isso, Lucas e eu passamos a assumir os vocais e na bateria entra um antigo amigo, Weverson "Tiririca", que permanece até 2010. Com a saída de Weverson, Sérgio “Chegado” (outro amigo de longa data, que já tinha "quebrado o galho" na banda algumas vezes) assume as baquetas, formação que se mantém até os dias atuais.
Felipe dando voz ao Declínio Social
3- Quais os materiais lançados até agora?
Felipe: Temos um cd-r demo lançado no ano de 2005, com nove músicas próprias e um cover. No ano de 2008 gravamos o cd “Conflitos Diários”, que conta com algumas regravações de músicas da demo e sons novos. Este cd-r foi lançado no ano de 2009, conta com 12 músicas e teve uma boa distribuição. No início de 2012 lançamos um cd promo para a turnê sulamericana, realizada em Janeiro/fevereiro 2012. O cd, intitulado "Gira Sudamericana 2012", conta com 04 sons inéditos gravados em janeiro de 2011 mais as 12 músicas do "Conflitos Diários". Nesse mesmo período foi lançado também um split com xs amigxs da banda peruana Sin Patria, com cinco músicas ao vivo de cada banda. Além desses materiais, participamos de algumas compilações DIY, são elas: Compilação com seis bandas do cenário Punk/HC divinopolitano; compilação 1 minuto, Compilação "Nuestro ruido nuestra arma" (2009), com bandas latinoamericanas, v/a - Compilado internacional- Destruyendo Fronteras, editado pelo selo/blog/distro Crust Or Die, 2009, com bandas de diversas partes), v/a: "Somos los promotores de tu kaida inminente" (2009). Além destas, participamos também de algumas coletâneas virtuais. Estamos com sons novos gravados, alguns destes devem ir para alguns splits e outros projetos, que esperamos viabilizar em breve. Há também filmagens, registros e relatos da turnê sulamericana, esperamos começar a editar e soltar um material documental sobre as experiências vividas.
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04- Quais bandas são influência pra vocês? Fora da música, o que é influência para o som e as letras da banda?
Lucas: Influência musical HC/punk, nacional e latino-americano basicamente: Los crudos, sempre! Joy Division, Fuzilados por la demokrassia y Progrecidio (Argentina), Zaherir (Chile), Nuclear Frost, Mogwai, TOE, Social Chaos etc… Sobre as letras sempre versamos sobre temas que nos afetam diretamente, ou mesmo lutas e enfrentamentos com os quais nos identificamos. Em geral as mazelas que enfrenta e propaga a humanidade com a hegemonia do sistema capitalista, em suas distintas manifestações, ambientais, políticas, trabalhistas, gênero, racismo, cerceamento de liberdades, criminalização da pobreza etc.
Felipe: Acredito que tanto as influências sonoras, quanto a questão das letras são muito individuais e subjetivas, por isso temos influências bastante variadas e cada integrante tem seus gostos e particularidades. Vejo isso de maneira positiva, que faz com que cada um participe no processo de criação das músicas e letras de alguma forma (todos na banda escrevem as letras e participam da criação das músicas), este fator contribui para que a banda tenha uma sonoridade/característica particular. As bandas que escuto, são variadas, vai do hardcore punk nacional dos anos 80 e 90, crust suéco, hc finlandês , hardcore punk latino, dentre muitas outras coisas. Algumas bandas que influenciaram a DS são Los Crudos, Apatia No, Autonomia, Migra Violenta, Sin Dios, Execradores, Abuso Sonoro, Cólera, Axiom, Crass, The Mob, Armagedom, e diversas outras bandas, também bandas de amigxs e que tivemos o prazer de tocar juntos, que nem vou citar porque são muitas... (risos) Sobre as letras, as influências são temas libertários, luta dos povos e indivíduxs pela autonomia, reflexos da globalização no cotidiano como o desemprego, consumismo, preconceito, e as denúncia de algumas atitudes que consideramos negativas, como a intolerância, machismo, sexismo, racismo e homofobia presentes na sociedade, ambição, crueldade humana e desrespeito a outrxs individuxs, com a natureza e a outras espécies. Abordamos também algumas atitudes que vemos dentro do meio underground e consideramos negativas, como competição, posturas machistas/sexistas/homofóbicas, reprodução de preconceitos, utilização do underground como uma forma de autopromoção, vemos isso como uma forma de autocrítica, mas sem querer impor, doutrinar ou criar verdades absolutas, mas como uma forma de reflexão.
Chegado: Inicialmente quando comecei a tocar no Declinio Social minhas inspirações sonoras vinham do punk HC old school Norte Americano com pegadas rápidas e energéticas. Na atual conjuntura e depois de alguns anos tocando juntos as composições foram ficando mais diversificadas, incorporando assim uma outra pegada seja ela um pouco mais d beat ou variações da mesma com o grind. Porem a junção destes elementos sonoros com as temáticas das letras formam uma combinação do que podemos talvez definir como “Hardcore Latino” cuja as propostas reverenciem as lutas por dignidade de povos não somente Latino Americanos , mais toda forma de resistência ao capital mundial e autoritarismo presente, dentro de uma política de exclusão aos grupos minoritários.
Chegado é o dono das Baquetas do Declínio Social.
05- Como é a cena de Divinópolis?
Lucas: como atualmente não moro em Divinópolis mesmo tendo opiniões subjetivas sobre a “cena” não me sinto com legitimidade para falar de algo que não vivo no dia a dia...!
Chegado: A sempre um processo ligado ao tempo e lugar quando falamos de cena. E isso é nitidamente claro quando estamos inseridos neste contexto a alguns bons anos. Creio que como na maioria dos lugares existiam quase as mesmas dificuldades relativas a organizações de gigs, lugares para encontros e produções, pessoas dispostas a escrever textos e assim criarem um ponto em comum para resistirem neste meio underground através da arte em geral. Divinópolis é uma cidade interiorana com uma população media de 220.000 pessoas cujas relações no meio “alternativo” vêm sendo experimentada pelos que acreditam na diversidade cultural e no faça você mesmo independente de estilos específicos. Eu particularmente penso que essa especificidade de agregarmos estilos múltiplos dentro de uma cena fez com que as pessoas se sentissem de fato mais livres para mover as coisas. Assim nunca tivemos problemas em organizamos um som com bandas de rap juntas com alguma vertente do rock e tudo dentro de uma proposta política vinda do punk de não esperar que alguém faça algo por você. Com o tempo nos fortalecemos em grupo e individualmente com a criação do coletivo pulso e assim algumas pessoas se identificaram com esta proposta de solidariedade e interatividade dentro da cena. Ainda acreditamos e vivemos conforme a temática D.I.Y. no objetivo de sempre diferenciarmos das praticas voltadas para o rock de mercado e seu entretenimento vazio de final de semana. Hoje a uma super valorização da cultura “rock” na cidade causando uma serie de conflitos de identidade para uma nova geração. Mesmo com esse modelo pré-estabelecido e sem referências permanecemos verdadeiros com nossos propósitos e continuamos apostando no universo que absorvemos desde os primeiros dias de compreendimento da concepção do termo libertário.
Material "Faça Você Mesmo" da Declínio Social.
06- Conheci vocês tocando aqui em $P, qual a visão que vocês tem da cena daqui?
Felipe: Tivemos a oportunidade de tocar em SP duas vezes, em 2006 no Espaço Germinal e 2010 no Espaço Impróprio, infelizmente estes dois ótimos espaços não existem mais. Temos ótimas recordações, chegar na cidade e deparar com uma realidade completamente distinta da que estávamos acostumados, em São Paulo tudo é dimensionado a tomar uma proporção gigante. Uma infinidade de manifestações/produções, não só referentes a música, mas da contracultura em suas variadas formas. É sempre bom ir a SP, rever diversxs amigxs que gostamos muito, compartilhar e vivenciar momentos, fazer novas amizades. É um local que encontram-se muitos coletivos/grupos e indivíduxs organizadxs e sincerxs com suas propostas, produzindo, organizando, muitas bandas e manifestações, e vemos que há uma maior facilidade no que se diz respeito a produções, distribuição de material, espaços e organização de atividades Mas por outro lado, vejo um lado negativo também, briga de egos, rivalidades dentro da cena, algumas destas até entendo, outras não. Se gasta muita energia com questões que acredito não levar a nada. E também há um grande mal que não só vemos em SP, mas como também em várias partes do país, mas aí tem tendência a ficar maior que é o surgimento, fortalecimento e proliferação de grupos de direita e intolerância.
Lucas: Acho difícil falar da “Cena” em São Paulo, pela quantidade e variedade de grupos vinculados a mesma, vejo que existem varias cenas distintas, algumas inclusive antagônicas. Todavia, esse é um fator interessante que pode levar a construções ricas, pela própria variedade das pessoas e grupos circulando pelo mundo “metal/crust/punk” de São Paulo. Muitas vezes também pode por questões de egos e/ou diferenças ideológicas, levar a muito separatismo, logo, segundo o ”grupo” que te convide para tocar é provável que outros amigos não compareçam... Assim, a grandeza e diversidade da cena em São Paulo são pontos positivos que sempre nos chamou a atenção, porem, que podem ser também sua principal debilidade.
Chegado: Eu penso que foi uma superação muito grande pra todos nós do declínio social devido a circunstancias naquele momento. As duas vezes que estivemos tocando em SP foram ocasiões bem diferentes. A receptividade foi das melhoras possíveis fazendo com que de fato pudéssemos construir amizades que nos deixaram bastante felizes. Conhecer outros espaços e formas de organização nos amadureceu muito e nos fez pensar que com nossos esforços muitas coisas poderiam servir de referência em nosso meio. Em termos de cena nos deparamos com uma gama de diversidade cultural dentro do punk e também podemos sentir um pouco da correria das pessoas e as dificuldades relacionadas à conflitos ideológicos.
Declínio Social na Casa Tiao em Valparaíso-Chile-2012.
07- Vocês realizaram uma Tour pela América do $ul recentemente, contem um pouco de como foi essa experiência pra vocês! Quais as melhores gigs? Alguma história que mereça ser contada?
Felipe: A turnê foi uma experiência fantástica e intensa. Já tínhamos a ideia de fazer essa tour há alguns anos e já tentamos viabiliza-la outras vezes, mas sempre rolava algum problema que impossibilitava, só que dessa vez felizmente conseguimos. Depois de meses organizando, entrando em contato com o pessoal, estudando mapas, rotas, produzindo material, silkando camisetas, cds, organizando atividades, etc, saímos de Divinópolis no dia 29 de dezembro de 2011, em um carro ano 88 (consertado nas vésperas de sair), sem gps, somente com mapa (às vezes nem isso tínhamos), ou informações de rota, para viajar milhares e milhares de quilômetros,reencontrar várias pessoas que gostamos muito, conhecer muita gente, e viver tudo o que nos esperava. Foram mais de dois meses intensos, muita troca cultural, lugares fantásticos, espaços organizados, ótimas bandas, pessoas maravilhosas e recepções que jamais esqueceremos. Ao todo foram 20 gigs e um ensaio aberto, passamos por quatro países(Argentina, Chile, Peru e Bolívia) e todos os climas e realidades imagináveis. Por incrível que pareça e graças a persistência e também ao nosso incansável amigo Edinho (que animou viajar junto) e à nossa teimosia, não perdemos nenhuma, chegamos um pouco atrasado em algumas, mas no fim deu tudo certo. Das gigs e histórias acho difícil citar apenas uma, pela intensidade e sinceridade de tudo, e cada momento teve sua particularidade. Na viagem, as que marcaram foram os acampamentos, as vezes ficávamos acampados na beira da estrada, a vez que o carro quebrou na fronteira Argentina/Chile e atravessamos empurrando, o atolamento em plena selva boliviana, dentre outros "perrengues" nas fronteiras, o carro estragando (por várias vezes), seja em deserto, serras, litoral, selvas, cidades. Mas o mais importante foi poder vivenciar outras realidades e costumes,.. Muitas gigs marcaram muito, o contato com xs amigxs na Argentina, as atividades, militância e a resistência nas ocupas, atividades em solidariedade a presxs políticxs. As gigs nas ocupas chilenas, galera bem organizada e politizada, ótimas bandas, outro fator marcante foi atravessar 2.045 km em 5 dias no Atacama, tocando 4 vezes em quatro cidades diferentes. As gigs no Peru também foram muito boas, boas bandas, amigxs, estrutura, muita gente, além do fator cultural, que é marcante demais nesse país, os problemas e impactos que a globalização e a mineração vem deixando nas populações indígenas e do campo (isso nos quatro países que passamos, realidade parecida com a que vivemos aqui no Brasil). E na Bolívia também, pesando todas as dificuldades de se organizar atividades "faça você mesmo" no país e pessoas muito sinceras.
Lucas: Essa tour foi muito importante para o amadurecimento da banda tanto musicalmente, como enquanto
coletivo de pessoas. Tocar em todo tipo de lugares imagináveis, em dias de semana.... desde casas de show “profissionais” a porões de okupas. Tocar para muita gente num dia e no outro para quase ninguém....Conhecer experiências reais de resistência ao sistema, propositivas e não somente verborragias demagógicas. Dentre outras coisas creio que cabe ressaltar o carinho com que fomos recebidos em todos os 4 países que passamos, a curiosidade e amabilidade com que nos recebiam e o interesse que tinham para saber mais coisas do Brasil, bandas, cena, cultura, etc. Além de quase sempre perguntarem/questionarem por que mais bandas brasileiras não tocavam em estes países vizinhos... Na verdade cada gig foi/é uma experiência nova e única, além do fato de que gostamos mais do resultado da banda ao vivo que dos materiais que gravamos até o momento, essas experiências ao vivo nos fazem querer seguir com a Declínio Social há quase 10 anos, pese a todas as dificuldades.
Chegado: Parte desta pergunta pode se transformar em um livro daqui a um tempo, pois escrevi uma espécie de diário na estrada sobre este role. Foi como nascer novamente em todos os sentidos possíveis. Quando saímos não sabíamos de fato da representatividade desta Tour em nossas vidas em termos de experiência pessoal. As mil correrias de cada um para que tudo desse certo foi algo inacreditável dentro das nossas possibilidades. São tantas Historias pra contar que seria uma injustiça muito grande evidenciar apenas algumas. Eu prefiro falar de algo que pode muito bem definir o nosso comportamento neste role inesquecível que foi a superação e vontade de cada um de nós presentes naquele momento junto as energias positivas e carinhos que recebemos por todxs. Guardo todos os momentos e pessoas no meu coração e espero poder retribuir essa mesma simpatia que tivemos nos dois meses e dois dias rasgando a América Latina em uma Elba 88.
O carro pedia um empurrão em vários momentos da Turnê
08- Na opinião de vocês, qual a importância da política para o punk? A banda tem postura política definida?
Felipe: Somos uma banda libertária, um coletivo, grupo de pessoas que acreditam no potencial do punk de transformar/conscientizar as pessoas, uma mudança de realidade e postura crítica perante as injustiças da sociedade. Acredito no punk como uma forma de expressão, negação, uma revolução pessoal e uma forma de resistência aos valores impostos, hipocrisia e criações sociais. Vejo o lado político como um fator de fundamental importância, acredito no poder do punk para aglutinar pessoas com afinidades ideológicas e sonoras, mas não tenho a ilusão que o punk por si só trará alguma mudança. Não vejo o punk desvinculado do restante da sociedade, como uma "bolha", mas como o reflexo dela, por isso acho importante o contato com outros grupos/movimentos e individuxs fora do cenário. É claro que sem imposições e sim a exposição de idéias. Cada membro da banda tem sua opinião quanto ao assunto, pois eu acredito que o punk, além de movimento, é uma revolução pessoal.
Lucas: Acho que o Punk sem o conteúdo político contestatório, não passa de uma “Moda”, ou como dizia a mídia nos anos 80 uma “new wave”. O Punk continua vivo e forte até os dias atuais por permitir vislumbrar através da musica e demais atividades contraculturais vinculadas (por conseguinte, políticas), projetos e formas de vida diferentes aos que nos são impostos como “únicos” pelo status quo. Assim, o conteúdo político do Punk tem uma importância singular, a despeito de outros estilos musicais ou “ondas” que tem como objetivo divertir e fazer dinheiro. Vejo o punk como resultado das contradições estruturais dessa sociedade capitalista, logo, o caráter político do mesmo é inerente a sua própria gênese.
Lucas: Baixo e vocais da Declínio Social.
09- Na música "Desempregado" vocês tratam da discriminação que as pessoas sofrem por estar sem trabalhar e a dificuldade que as pessoas tem em arrumar um emprego, a relação trabalho X vida X sobrevivência é ruim para todxs e um problema ainda maior para nós punx que buscamos viver de uma maneira libertária, qual é a vivência de vocês em relação a trabalho? Quais as dificuldades em manter um trabalho, uma banda e se manter ativo enquanto punk?
Felipe: Desempregado foi umas das primeiras músicas que fizemos, e ela surge em um contexto onde todos integrantes da banda (na época cinco) se encontravam desempregados. A letra é baseada na relação de preconceito que desempregadxs passam e como são vistos pela sociedade, numa realidade onde se cobra muita técnica e especialização e as oportunidades não estão aí para todxs. A concorrência, técnica, lógica do mercado e mecanização é cada vez maior, o que gera o egoísmo e desrespeito com x outrx, ou o que não tem as mesmas condições, vemos isso como uma forma de exclusão, onde se é permitido "engolir" x outrx. Em muitas das vezes o que resta como alternativa ao indivídux é ficar a mercê e ter que "vender" sua força de trabalho, ser explorado por uma quantia que mal dá para sobreviver e suprir suas necessidades. Eu trabalho como professor, atualmente na rede municipal e como foi dito na pergunta, nós que vivemos ou tentamos criar maneiras, vivências, relações mais autônomas e libertárias sofremos o preconceito, a escola é um reflexo de tudo na esfera social, e no ambiente escolar estão presentes as mais variadas formas de preconceito. Esbarramos também na lógica em que tudo que é visto como inovador nas salas de aula é tratado com desconfiança por parte de algumas direções e coordenações das escolas, pois a educação é vista/tratada como um mecanismo e aparelho repressor. As vezes bate um desânimo, angústia e sensação de impotência, mas mesmo nesse contexto, dá para trabalhar algumas questões relevantes e interessantes. O importante é ser sincero consigo mesmo, nas relações. Quanto a manter banda e outras atividades com trabalho, a questão de conciliação, não é fácil, e pesa um pouco, tanto é que nós nem tocamos/ensaiamos direto. O Lucas atualmente vive em Buenos Aires, e as vezes a banda fica algum tempo sem tocar, mas sempre ativa, tentando escrever, buscando contatos, e pra quando encontramos produzimos materiais, atividades, articulações.
Santiago-Chile-2012.
10- Vocês estão envolvidos em outros projetos, bandas, distros, coletivos e/ou outras atividades contra culturais?
Felipe: Participo do Coletivo Pulso (www.coletivopulso.blogspot.com) Coletivo que produz atividades (contra) culturais, gigs, eventos, debates, dentre outras. Atualmente o coletivo anda um pouco parado, se comparado a movimentação que rolava há alguns anos atrás, hoje temos um espaço mensal na Biblioteca Pública da cidade, para exibição de vídeos e debates. Participávamos também de alguns espaços autogestionários, tivemos a experiência da ocupação IuerePoma Poty, neste espaço ocupado e autogestionado havia uma horta comunitária/biblioteca comunitária, moradia e outras atividades. Apoiamos também outros grupos/ coletivos/espaços, manifestações e movimentos, como na organização da Bicicletada-Divinópolis, dentre outros. Fora isso, já participei de outros projetos e de algumas outras bandas, atualmente toco guitarra na FinalTrágico.. , banda d-beat/ crust e faço vocal na Brutalitaät, que faz um som mais influenciado por bandas hc/punk finlandesas antigas. Tenho um projeto antigo e conspirações de um zine, espero que logo esteja rolando.
Chegado: Já me inseri em vários projetos com o passar dos anos e todos foram muito sinceros com o que eu sentia naquele momento. Hoje além de tocar bateria no Declínio Social, estou pra voltar a ensaiar com o Malespero que faz um som mais crust existencialista onde comecei tocando bateria e agora vou tocar baixo. Ainda se falando de bandas, comecei a fazer vocal em uma banda de uns amigos de Belo Horizonte chamada Filhos da Desgraça e em breve pretendo lançar o material destas duas bandas também pela minha distro, No Future. Apesar da incessante correria, as idéias foram dando vazão depois que conseguimos canalizar e concentrar nossos esforços coletivamente e sendo assim muita coisa ocorreu e vem ocorrendo depois do Coletivo Pulso (2006).Sempre estou envolvido de alguma maneira com grupos e espaços diversos como o Barkaça (voltado mais para a área literária), teve também uma casa okupa que resistiu bravamente durante uns 11 meses chamada Iuerepoma Poty, intervenções diversas como a bicicletada, panfletagens anti rodeio, utilização de espaços públicos para exibições de videos/debates e outros tantos que ainda estão por vir. No momento estamos construindo um espaço chamado Studio/bar onde gravamos umas musicas novas do Declino Social. Esse espaço tem muito potencial para se transformar em um local cujas atividades que pretendemos possam ser supridas nele a partir da correria de uma galera. (Studio para ensaio e gravação, bar, atelier, local para oficinas, radio comunitária, loja de materiais diversos, sala de cinema e outros).

11- Agradeço a atenção e a paciência, fica o espaço para dizer o que quiser!
Felipe: Nós que agradecemos pelo interesse, apoio, convite e paciência. É muito bom receber zines impressos e ficamos muito felizes em poder participar. Infelizmente a cultura do zine em papel vem perdendo espaço, num cenário onde quase tudo passa por um processo de “virtualização”. Acreditamos muito no papel do zine de informar/difundir/propagar ideias, troca de informações, novas amizades, contatos, intercâmbio, troca de materiais, conhecer outras realidades, etc. Parabéns Gritão pelo ótimo zine, bons textos e o suporte que dá a bandas e outras manifestações contraculturais e "faça você mesmo". Boa sorte e que venham muitas outras edições do Insanity Crusties. Continue gritando Gritão (risos)... Quem tiver interesse em entrar em contato e saber mais sobre a banda, fazer amizades, contestar, trocar material, etc entrem em contato:
decliniosocial@hotmail.com
reverbnation.com/decliniosocial
Página no facebook: Declínio Social
Beijos, abraços, saúde e resistência a todxs!!
Chegado: É muito gratificante ver pessoas como você correndo atrás de organizar um zine tão bem elaborado e total D.I.Y. É um grande prazer pra gente estar contribuindo de alguma para esse zine que diga se de passagem é uma excelente referencia para uma galera que esta vindo ai, e incentivo para os que estão querendo fazer os seus. Grande abraço, muita sorte e saúde ai para você e todos os camaradas que se desdobram pra fazer as coisas acontecerem.
OUÇA AQUI MAIS DECLÍNIO SOCIAL:
http://www.reverbnation.com/decliniosocial
http://www.myspace.com/decliniosocialhc