quarta-feira, 27 de junho de 2012

Entrevista com o Danix, da Fina Flor do Entulho

Hoje o papo é com o Danix, vocalista da banda Fina Flor do Entulho, da cidade do Porto, em Portugal.

1- Primeiramente conte-nos quando surgiu a banda e o porque da escolha do nome Fina Flor do Entulho?
 Danix: A banda surgiu nos finais de 2008 após uns ensaios onde vimos que tínhamos formas de ver o som em comum e dai até a descarga foi seguir em frente. O nome surgiu de me lembrar de expressões do avozinho que ao se enervar ao ver políticos corruptos, crianças mal tratadas, a missa de domingo e outros programas de variedades em vez de lhes chamar bois e afins era mais simpático e dizia que eram a Fina Flor do Entulho da sociedade.
   
2- Esse foi o primeiro projeto/banda de vocês?
Danix: Não...mas eram outros tempos onde a garagem era o melhor bar da terra...

3- Como é a cena punk rock hardcore aí no Porto? Acontecem muitos shows por aí?
Danix: O movimento está vivo, tem muito pessoal novo com vontade e varias bandas no activo. Penso que podia existir mais um pouco de união e apoio entre todos não só local como no resto do pais, é uma forma de ver a musica sem superioridades e aberturas a diferenças, parecia-me uma seca ser tudo igual, pode-se é ir beber no mesmo barril e siga em frente. Existem alguns espaços a dar essa mesma oportunidade de todos se expressarem como a "casa viva" por exemplo, existem outros que é só para os amigos dos amigos, mas parado só se quiseres isso é uma realidade.

4- Por estarem na Europa é bem mais fácil circular por outros países. Mas o idioma em algum momento atrapalha a comunicação com outros países vizinhos de Portugal?
 Danix: Eu não sei se será por ai, expressamo-nos em Português porque é a forma como falas naturalmente, não tens que estar a pensar no belo tempo verbal, atrapalhar não pode ser visto como não te darem a mão, é assim que queremos é assim que temos. Essa pergunta tu sabes a resposta se fores para a as Américas mesmo as latinas.

5- A fina Flor do Entulho já tocou em lugares como prisões, na rua, em ocupações e também em “auditórios bonitinhos”, como vocês mesmos disseram. Quais são as reações desses públicos? Há alguma diferença?
Danix: Diferenças existem, para um recluso ( e já vão 2 a falar cá fora ), o ouvirem algo que curtem estão mais abertos e caricato estão presos nem animais ( estávamos aqui a falar a noite toda do que acho do sistema prisional de merda ), na rua fica quem passa e curte, depois nos outros sítios curte quem curte na boa senão tem um bar para matar a sede, nem curto muito palminhas é violentares a palma esquerda contra a direita, não me diz nada acredita...
   
6- A banda tem uma apresentação bastante energética e performática. Vocês têm alguma influência do teatro?
Danix: Eheheh do teatro não mais do circo, cada concerto é um concerto, nenhum foi igual, é natural depende do dia e dos copos, mas não existe nada programado nem limites para cada um na banda fazer o que lhe vier á tola, isso é a liberdade interna se não existir entre quem a debita não vale a pena muitas palavras de ordem sobre o assunto...saco roto!!!

7- Recentemente a banda lançou o 1º EP chamado “Carne de Deus” inspirado em um cogumelo alucinógeno com o mesmo nome? Qual integrante que experimentou esse cogumelo?
Danix: Os maias na Guatemala há 3500 anos utilizavam "carne de deus" em diversos rituais, (o Raul talvez tenha tomado desses á 3000), eu pela descrição da broa parece-me que os que tomei eram mais surrapa...

8- Vocês definem a Fina Flor do Entulho como “noise punk rock”. Tive a oportunidade de ouvir o EP e percebi um leque muito maior de sonoridades. De onde vêm todas essas influências?
Danix: Uma banda é feita de pessoas diferentes tens 2 caminhos ou fazes uma linha e está tudo á coca para teres um gênero para os outros gostarem do inicio ao fim, ou fazes aquilo que no dia te saiu e curtiram todos o momento em que a musica rebentou.

9- Queria que você falasse um pouco sobre a temática das letras desse EP:
Danix: A introdução é um alerta de que não vale muitas merdas que se veem por ai que vai tudo pregado na tabua. A Ensanguentado o desespero de estar agarrado á heroína onde não há heróis, a Inapto é uma história real sobre a inaptidão ao serviço militar por teres varizes nos colhões (chato não ir á tropa), a Circo Arder é uma critica aos políticos sobre a palhaçada que vês, um verdadeiro circo... a Cuidados Paliativos são frases da minha mãe e só dela, em delírio antes de morrer internada nos CP nos 6 meses antes de morrer. a Carniceiro é a simulação ironia do social lavadinho e certinho, no caso um medico que se torna no verdadeiro homem do talho. A Get Away um tributo, onde o refrão em português podias dizer não serei o teu olho do cú...
    
10- Vocês tem algum plano de um dia virem tocar aqui no Brasil? Já rolou algum convite?
Danix: Plano não há, nem guita, seria bom... convite nenhum mas seriam cascatas de cachaça garantidas...
  
11- Quais bandas brasileiras você já teve contato ouvindo material?
Danix: O Brasil sempre teve altas bandas, mas bons tempos quando Titãs eram Titãs, Cólera, Garotos Podres, Olho Seco, Ratos, Raul Seixas...muito sonoro brasileiro que passou pelo neurônio algum ainda passa...

12- Obrigado pela atenção. Deixo o espaço aberto para vocês falarem o que quiserem, deixar contatos, links para ouvir o EP, assistir vídeos e o que mais quiser divulgar sobre a Fina Flor do Entulho:
Danix: A rapaziada é que agradece ai o interesse pelo nosso som. Quem quiser foder o tímpano pode ouvir as duas cenas DiY que temos por ai no bandcamp ( http://finaflordoentulho.bandcamp.com/). Abraços a todos & Em frente!!!!!

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