terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Entrevista com o Adriano da Rotten Flies

A última entrevista do ano é com o Adriano Stevenson, da Rotten Flies, de João Pessoa na Paraíba. Agora estarei dando uma pausa, e ano que vem, estarei de volta com mais entrevistas e informações sobre o underground brasileiro. Até mais, e acompanhe o papo com o Adriano.
Adriano Stevenson-Rotten Flies.
1-A Rotten Flies foi criada em 1990. Mas como é essa história de que vocês montaram a banda sem ter instrumentos?
Adriano - Não estou na banda desde o início, mas sei que quando a vontade é muito grande, acabamos por superar tudo e colocar pra frente aquilo que gostamos de fazer. Acho que foi isso que aconteceu no inicio da Rotten Flies...
Rotten Flies - Foto: Rafael Passos
2-Dois anos depois de formada, a banda já grava a primeira Demo Tape "Necrofilia" em fita cassete. Como foi pra vocês quando pegaram a primeira cópia na mão?
Adriano - Não sei, eu não estava lá! (risos), mas deve ter sido ótimo. Ainda hoje é uma sensação muito boa ter um trabalho terminado e lançado.

3-Em 1994 a Rotten Flies lançou mais uma tape chamada "Cultura do Ódio". Qual foi a repercussão desse trampo?
Adriano - Foi legal, e logo após entrei na banda, peguei as músicas e começamos a tocar um bocado em João Pessoa.
Segundo trampo: Cultura do Ódio-1994
4-Durante todo esse tempo a banda teve várias formações. Como chegaram a formação atual?
Adriano - Com a saída do terceiro guitarrista por conta de compromissos diversos, eu já estava na banda, e aí tive que aprender todas as bases em pouco tempo, como também já estava compondo coisas novas, que geraram o trabalho seguinte: “O Hardcore”.

5-Vocês também já participaram de várias coletâneas. Qual a importância desses materiais na divulgação da banda?
Adriano - Coletânea sempre é um lance muito legal, principalmente quando envolve bandas de outras cidades. Circular em outras cidades é algo certo em termos de divulgação quando a banda participa de uma coletânea.

6-A Rotten Flies está na estrada há mais de 20 anos, e sabendo da dificuldade que é se manter com uma banda underground, é natural que cada um tenha seu trampo pra poder sobreviver. Mas é verdade que tem até um PhD na banda? Em que mais vocês se movimentam?
Adriano - Sim, o Phd é de Ramsés, vocalista, não é nosso! O que nos interessa é a música, as letras que ele escreve e canta! Cecílio (baixista) trabalha na Construção civil e Beto Luxúria é pintor de rodapé, auxiliar de cozinha, baterista, e stripper nas horas vagas.
Sou editor do Jornal Microfonia que divulga as bandas do circuito independente com destaque para a produção do lugar onde moro, além de tratar também de outros temas, como HQ, filmes e livros. O jornal tem quase dois anos. É um trabalho permanente de expandir, atravessar fronteiras pra divulgar o que se produz por esses lados e ainda tenho um projeto chamado E.R.R.O. que já esta preparando composições para um cd.
7-E agora a banda acabou de lançar o CD "Amargo", que na verdade já tinha sido lançado virtualmente em 2009. O que aconteceu?
Adriano - Amargo é o primeiro CD do Jornal Microfonia que transformamos em selo também! O nosso segundo lançamento foi mês passado com o CD da Comedores de Lixo “Aos Mortos”. Estamos na batalha da divulgação dos dois CDs. Não dá pra parar!
Amargo - Lançamento Jornal Microfonia
8-Durante todos esses anos vocês já passaram por muita coisa na estrada. O que ainda move a Rotten Flies?
Adriano - Gostar de tocar e gostar do que faz!

9-E a Rotten Flies pensa um dia em gravar um disco ao vivo em comemoração a todo esse tempo junto? Quais os projetos pro futuro?
Adriano - Um dia... quem sabe? Sem futuro, que nem o refrão da música dos Sex Pistols...

10-Valeu, véio. Muito obrigado pela atenção e deixo o espaço aberto para o que quiser falar, sobre algo que não perguntei e que ache interessante frisar, deixar contatos, agenda de shows, links para videos, downloads...a hora é agora!!!
Adriano - Obrigado pelo espaço cedido, e quem tiver curiosidade do nosso trabalho acessar: www.facebook.com/rottenfliesHC


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Cama de Jornal lança CD e DVD de 10 anos

É com muita honra que apresento hoje aqui o material de 10 Anos Ao Vivo da Cama de Jornal.
A luta foi grande, desde o início do projeto para a gravação do CD/DVD até hoje, depois de 1 ano e 6 meses, muitas dificuldades foram superadas. O que nos faz acreditar que ainda é possível ter uma banda de punk rock no interior da Bahia, e manter-se dentro da proposta inicial da banda há mais de 10 anos atrás, sem nenhum interesse comercial ou pessoal. E se chegamos até aqui, é por que temos algo pra mostrar, um som verdadeiro pra tocar, dentro da mais pura essência do "faça você mesmo"!!!
E assim seguiremos, sem saber onde vamos chegar, mas com a sensação de dever cumprido!!!
Mas e o que vem a ser esse material? Bom, é um show histórico, gravado em praça pública em Vitória da Conquista-BA, com a participação de Redson/Cólera (em memória), Houly (Horda Punk-SC), Dalmo (Atestado de Pobreza), Alexandre Pirata (Stinky Kalau) e Lé (Ex- AutoCrítica).
E o Tosco Todo-Selo de Divulgação apresenta ainda toda a discografia da Cama de Jornal em um Pacote Promocional, com frete incluso para todo Brasil. Para adquirir esse material ou para maiores informações, entre em contato por email: toscotodo@hotmail.com
Veja abaixo umas amostras desse DVD ao Vivo:





segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ação Direta apresenta novo disco

Veterana banda do Grande ABC comemora 25 anos com lançamento bombástico.
Em dezembro o quarteto Ação Direta lança World Freak Show, seu oitavo álbum e seguramente o mais direto e mais ousado de sua discografia.
O disco terá onze faixas, com produção de Marcello Pompeu e Heros Trench, no renomado estúdio Mr. Som (SP). Outro destaque são as participações especiais, com nomes como Alex Camargo (Krisiun), Vlads (Ulster), Rodrigo Lima (Dead Fish), Joao (Test), Wagner e Gigante (ET Macaco) e Pompeu (Korzus).
Numa iniciativa inovadora, o Ação Direta se aliou a cinco selos para o lançamento de World Freak Show, buscando uma distribuição maior em todo território brasileiro. O disco será lançado inicialmente em formato digipack, pelos selos Purgatorius Records (SE), Death Time Records (MG), Xaninho Discos (PA), Spider Merch (SP) e Equivokke Recordss (SP). 
O disco terá o seguinte tracklist:
01 - FORCED NEEDS
02 - O PACTO ( João Kombi-TEST)
03 - ZEITGEIST
04 - LA FIESTA ( Gigante & Wagner - ET MACACO)
05 - DESCONSTRUÇÃO
06 - WORLD FREAK SHOW ( Alex Camargo - KRISIUN)
07 - SOB OUTROS CÉUS
08 - CASPA DO DIABO ( Vlads - ULSTER )
09 - MANIFESTO
10 - BEM SABE QUAL É ( Rodrigo Lima - DEAD FISH)
11 - USELESS COMPLEX ( Pompeu - KORZUS)
Confira o teaser de World Freak Show:
Sites relacionados:
http://xaninhodiscosfalidos.com
http://www.spidermerch.com.br
http://equivokkerecords.bandcamp.com
http://www.myspace.com/deathtimerecords
http://facebook.com/purgatoriusrecords
http://www.acaodiretabrasil.com.br

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Entrevista com a banda NARK

O bate papo de hoje é com a galera da banda NARK, de Jaboatão dos Guararapes-PE. Com a proposta sonora definida de se tocar Hardcore punk oitentista, influenciada por bandas como Circle Jerks, Cólera, Agrotóxico e Wasted Youth, a banda é envolvida diretamente em coletivos e atividades que buscam fortalecer o cenário independente em Recife e Região Metropolitana. Acompanhe aí:
NARK
1-NARK é um nome diferente. De onde veio?
Wendell - O nome vem de uma música do Wasted Youth chamada Teenage NARK, e de uma tentativa de assassinato do presidente americano em 81, influenciado pelo filme do Scorsese (Taxi Driver).
A gente tava procurando um nome forte, que fosse diferente. Então veio esse! O termo significa antidroga, mas não somos uma banda straight edge. O sentido de antidroga seria mais de ser contra um clico vicioso, de grupos que propagavam o "pague pra tocar" no underground da época.
Wendell no Vocal e Guitarra.
2-A banda surgiu em 2006 na periferia de Jaboatão dos Guararapes em Pernambuco. Qual era a proposta ao montar o NARK?
Wendell - A proposta pro som era fazer hardcore punk oitentista, com influência da segunda onda punk. O NARK foi minha primeira banda. Então havia todo esse lance de montar um grupo pra poder se expressar, mas que, além disso, pudesse somar algo ao cenário, que instigasse ações coletivas, não fosse ter banda só pra tocar. Pra mim, esse é o principal motivo pra se ter uma banda de hardcore, chega a ser tão ou mais importante do que a própria música.

3-Recife e Região Metropolitana têm nos mostrado uma cena bastante ativa. Pra você, o que tem gerado toda essa movimentação?
Júlio - Pra cena do Recife e Região chegar ao que chegou hoje, foi necessário um esforço de várias partes das mais variadas regiões. Primeiramente, lá pelo ano de 2006, voltamos a nos organizar enquanto coletivos e não como bandas que querem tocar em todos os eventos. Começamos a discutir mais sobre os nossos problemas e aos poucos começamos a organizar eventos mais enxutos e de certa forma mais politizados. A diferença de quando eu comecei (2004) pros dias de hoje, é que em termos gerais as bandas não procuram mais criar subdivisões entre banda-público, criando assim uma interessante brodagem entre a maioria das pessoas. Outro fato importante foi a derradeira união entre punks, hardcores e grinds, que até uns anos atrás era impossível de se imaginar.
Júlio no Baixo.
4-Quais bandas vocês tem ouvido ultimamente?
Júlio - Cumbias Colombianas, Rot, JFA, @patia no, Victor Jara, Pennywise e Mente Podre.
Wendell – Sacando de novo o Circle Jerks (Group Sex), e uma banda de street punk da Indonésia legal pra cacete, a Bunga Meriam!
Raphael - Hoje carrego no celular: Minor Threat, Mark Lanegan, Misfits, Pantera, Slayer, Rancid, Ramones, The Haze, Eu o Declaro meu Inimigo, The Gits, Queens of the Stone Age e Pearl Jam.
Pato - 7 seconds, Mogwai, Facção Central, Pearl Jam, Redska, RVIVR, God is an astrounaut e Circle Jerks.

5-Além da banda, quais outras atividades vocês promovem por aí?
Wendell - Faço parte de um coletivo de cultura de bairro, o M-1, junto com Júlio. A finalidade deste grupo é promover um reconhecimento artístico do bairro de Maranguape 1, agregando artistas da região, das mais variadas formas, que não tem espaço pra se apresentarem no lugar onde moram. Atualmente está em formação uma oficina de arte pra gurizada local, assim, logo mais vão poder expor o que for construído nos eventos do coletivo.
Nós dois também fazemos parte do coletivo HR, com o Pato. O HR é mais voltado pra questão de organização de eventos mesmo, com bandas de hardcore.
Júlio - Participo do Coletivo M-1 e estudo Ciências Sociais.
Raphael - Durmo. E nas horas vagas faço alguma coisa no Mini-Homestudio.
Pato – Passei a participar das reuniões/discussões de um coletivo anarquista daqui recife. Faço parte do Coletivo HR também, como Wendell citou.
Raphael na bateria.
6-O NARK já dividiu o palco com bandas consagradas na cena underground brasileira como Mukeka di Rato, Leptospirose e Discarga. Como foi essa experiência e qual foi o show mais marcante pra vocês?
Júlio - Pra mim a experiência de tocar com essas bandas é a mesma de tocar com as bandas daqui. Me lembro que a galera do Leptospirose, Dance of days e Uzomi são pessoas de primeira qualidade.
Wendell – Esse evento que rolou o Mukeka foi bem interessante, mas mais por causa do clima positivo da época. Foi um período em que alguns coletivos estavam dando os primeiros passos, estávamos começando a nos reconhecer como cena. E lembro que nesse show em questão, tinha muita gente envolvida presente. Foi um semestre bem instigante.

7 -A banda já tem vários materiais gravados. Nos fale um pouco sobre a discografia da banda:
Wendell - Temos duas demos, uma com 4 músicas bem tosco e uma gravação ao vivo que foram distribuídas mais pela net. Acredito que ninguém tenha mais esse material físico, nem nós mesmos! O primeiro registro de fato, rolou com a gravação do Sociedade Assassina (2010). Foi mixado com mais cuidado, pra virar um Cd-R com encarte, show de lançamento bem pensado e tudo mais. No início desse ano a gente gravou uma parada num homestudio de um brother nosso, e essa grava virou um single (Caos Urbano) e um video, que mostra a realidade da mobilidade urbana em Recife (filmado por nós mesmos!).
NARK - Caos Urbano - Clipe
8-Sobreviver no underground é muito complicado. Como os integrantes da banda pagam as contas? Ou já dá pra viver de música?
Júlio - Eu pago minhas contas com bolsa de iniciação cientifica. E viver de música por aqui é impossível, tanto é que os "deuses" da música Pernambucana geralmente vão pedir pinico em São Paulo, morando por lá.
Wendell - Trampo de segunda a sexta, das 7 às 17 hs, dá pra pagar as contas de casa e ficar de boa. Não acho que banda de punk rock dê sustento pra ninguém, e o intuito realmente não é esse! Quem tiver afim montar banda pra isso, desista!
Raphael - Não dá. Só trabalhando.
Pato – Trampo diariamente, como a maioria das pessoas que conheço também o fazem. Nunca tive (nem tenho) a intenção de ganhar grana com o som que toco. Embora acredito que existam outras alternativas pra isso, cabe a cada um buscar da forma que conseguir e do jeito que achar que deve.
Pato na Guitarra.
9-O que a NARK está preparando de novo para a galera? Shows, disco novo vindo por aí?
Júlio - Tem um split com a banda Ugly Boys que vai ser lançado e estamos começando a fazer músicas novas pra renovar o repertório. E quem sabe pode rolar uma tour nordestina pra divulgar esse split, vamos ver.
Pato – Temos focado bastante em fazer sons novos também, acho que temos uns 4 sons já adiantados (chamemos assim). Existe a forte possibilidade de lançarmos algum material novo ano que vem.
Baixar "Caos Urbano" - Mais recente trabalho do NARK.
10-Obrigado pela atenção e se tiver algo a dizer, que não foi perguntado até aqui, o espaço é de vocês:
Wendell – Agradeço muito o espaço que você concedeu. Acredito que entrevistas para bandas do mainstream só servem pra elas “aparecerem”, mostrarem o quanto são cool. Mas no underground, é uma maneira de poder passar uma idéia maior sobre a banda, além das músicas. Admiro muito essa iniciativa e toda a resistência aí em Vitória da Conquista!
Júlio - Valeu Nem. Sorte ao blog, a banda e a vida. Estamos esperando o Cama de Jornal por aqui.
Raphael - Pato, gato! =*
Pato – Agradeço o espaço no blog e pelo convite da entrevista. Espero que cada vez mais as bandas e os indivíduos (principalmente) tenham razões pelas quais lutarem todos os dias e força pra se posicionarem, se organizarem e se manifestarem... Sejam através de bandas independentes, coletivos, blogs, etc. Não importa, apenas o façam. Aproximadamente a 8 anos atrás me foi dito “Tente mudar o amanhã!”, e isso tem repercutido na minha cabeça desde então. Tenho plena convicção de que nada disso tem sido em vão, e espero que de uma forma ou de outra isso tudo sirva de inspiração (ainda que bem pouco) pra alguém. Abraços e força sempre.

Discografia:
NARK – demo (2007) NARK – ao vivo no F6 (2009)
NARK – Sociedade assassina (2010)
NARK – Caos Urbano (2012)

Formação atual:
Wendell - Vocal/Guitarra
Júlio - Baixo
Pato - Guitarra
Raphael - Bateria

Endereços / Contatos:
www.facebook.com/narkpunkrock
www.narkoficial.bandcamp.com
www.youtube.com/canalnark

81 8558-8606 (Pato)
81 9633-1340 (Wendell)
81 8518-4537 (Júlio)

sábado, 17 de novembro de 2012

Sbórnia Social lança EP Engrenagem

Sbórnia Social lança Engrenagem
Mais um trampo novo no meio underground. Engrenagem, novo trampo da banda soteropolitana Sbórnia Social, direto da periferia de plataforma, subúrbio ferroviário de Salvador.
São 7 sons nesse novo trabalho. O mais puro Hardcore, direto e reto. Segundo Lenon Reis, batera da banda "a expectativa é que o EP seja bem recebido pela galera que curte hardcore". A Sbórnia lançou também um clipe da música "Cultura de Massa", muito bem produzido pela "Quem é Doido Vídeos" e a banda está satisfeita com o andamento desse projeto: "O clipe nós não imaginávamos que iria ter uma repercussão assim porque nós fizemos tudo de uma forma totalmente DIY, sem custos! e o resultado final e repercussão foram muito favoráveis", completa Lenon.
Se você não conhece a Sbórnia Social, veja aqui uma entrevista com o Lenon. E aqui no Tosco Todo você também pode ver o Clipe e ouvir algumas faixas do EP:
Cultura de Massa-Sbórnia Social


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Aorta lança EP Acorde!

A banda Aorta da cidade do Recife-PE lançou virtualmente seu mais novo trampo, o EP "Acorde!".
São 12 sons, e o lançamento oficial em CD físico está previsto para o começo do ano que vem, mas os caras liberaram para download na intenção que a galera que curte a banda tenha a condição de conhecer as letras das músicas novas.
O trampo tá profissional, feito na base do "faça você mesmo", e foi gravado por Daniel Farias em seu estudio móvel, na casa de Dona Teca (avó do Emanuel Jr., guitarrista da banda), na casa de Pesado (vocal), na casa de Edinho (Dejetos) e no FG Estudio.
Então aproveite e baixe o EP no link abaixo, e caso queira conhecer um pouco mais sobre a Aorta, CLIQUE AQUI e leia entrevista com o Emanuel Jr.


sábado, 3 de novembro de 2012

Entrevista com o Enrique da DxDxOx

O papo hoje é com o Enrique, vocalista da banda DxDxOx, lá de Campo Grande-MS. O cara está na cena desde os anos 90, movimentando com a banda...vamos conhecer um pouco mais dessa história. Acompanhe aí:
Enrique DxDxOx
1-Como era a cena em Campo Grande em 1998, ano de formação da banda?
Enrique - Olá Nem! Desculpe pela demora, mas vamos começar nosso papo. O cenário underground de Campo Grande em 1998 era bem diversificado, mas com menos bandas do que existem hoje. Eu como um apreciador do rock underground mais pesado, procurava ir a todos os shows ou eventos da cultura underground que existiam na época – shows em bares rock, shows em escolas, reuniões de amigos nas casas, etc. Existiam as bandas independentes com sons próprios (punk, hardcore e metal) e as bandas de covers, da mesma forma que atualmente. Amizades foram feitas nessa época que duram até hoje.
Dor de Ouvido em 1998
2-E como foi que você entrou na DxDxOx?
Enrique - Fui convidado pelos caras que montaram a banda – Diego (bateria), Pimpo (guitarra) e Clayton (baixo) – no mesmo ano, pra fazer o vocal. Eles já tinham sons próprios e mandavam uma sonoridade mais voltada para o punk rock / hardcore. Acabei estragando isso trazendo influências do metal – death e thrash metal – e também do grindcore hahaha.
Show da DxDxOx em 1999
3-Quais eram as influências daquela época?
Enrique - Na época o acesso ao barulho era pouco. Dos poucos que conseguiam acesso à CD´s gravavam em fitas para os outros, desta forma bandas como Negative Controle e Mukeka di Rato chegavam aos ouvidos da galera através da troca de tapes, na qual eu estava incluído. Comecei a me corresponder e adquirir / trocar material com outras bandas, que obviamente geraram uma influência sonora no material que estávamos produzindo... Tínhamos influência de bandas “grandes” e com CD prensado gravado, como Sepultura, Ratos de Porão, Ramones, etc, bem como bandas independentes que estavam divulgando seus trabalhos na época, como DFC, MUKEKA DI RATO, NEGATIVE CONTROL, JASON, etc... e claro, das bandas que pegávamos demo tapes e splits cassetes do cenário hardcore, punk, metal e grindcore (eram muitas). Resultado: tenho uma imensa coleção de fitas cassete em casa, e adoro isso!

4-Hoje a banda faz um grindcore. O que levou a mudança de estilo da DxDxOx?
Enrique - Na verdade não sei. Pessoalmente eu acho o grindcore a forma mais intensa de me expressar, pois incorpora diversos estilos que gostamos e nos dá liberdade para criar dentro de nossas influencias, que são muitas. Mas pessoalmente não vejo o DxDxOx como uma banda de grindcore, mas sim uma banda de hardcore, dentro do que toda essa cultura pode abranger.
DxDxOx no Bar do Tião.
5-A demo tape "Perturbação demo reh.", foi o primeiro trampo...qual foi a repercussão desse material no meio underground?
Enrique - Isso foi bem legal, na época existia um estúdio mantido pelo João Paulo (baterista de diversas bandas de metal underground aqui na capital e um amigo de longa data) e pelo Vitor (atualmente guitarrista da banda Alcoholic Death, uma das melhores bandas de thrash / death metal old school no Brasil, na minha opinião) no qual ensaiávamos bastante. Era um tempo de muita criação, praticamente uma música (?) nova por ensaio. De posse de um gravador (daquele de micro system mesmo) gravamos diversos ensaios, os quais separei as melhores faixas e gravei em seqüência em uma fita matriz, editando na minha casa. Eu tinha acabado de comprar um computador usado de um amigo e nele instalei o programa corel draw, o qual aprendi a usar “fuçando” e deste modo produzi a capa desta fita cassete, fazendo cópias iniciais e mandando para os contatos que tinha por carta. Nesta época tinha uma banda de grindcore chamada ACCESS OF DENIAL, na qual o João Paulo do estúdio tocava, e nada mais lógico do que então fazer um split tape e começar a divulgar mais sério. Nisso passei centenas de fitas gravadas em trocas ou mesmo aquisições, o que me surpreendeu muito, as pessoas adquiriam nosso material pelo correio, enviando o valor escondido (mocado) na carta e eu respondia com a fita cassete enviada. Nesta época o que ajudou foi que eu também editava um zine, o que potencializou a divulgação deste material para muitos lugares e pessoas.
Primeira Demo da DxDxOx-1999
6-Depois disso a banda teve várias formações. Qual a maior dificuldade para manter uma banda durante tanto tempo?
Enrique - Sim, teve diversas formações, sendo que eu e Diego estivemos em todas elas. A maior dificuldade foi achar tempo para tocar em uma banda de barulho e realizar as outras atividades do dia a dia, trabalho, estudos, relacionamentos, outras prioridades. Já ficamos sem ensaiar por diversas vezes, cada um com sua prioridade, mas a banda nunca chegou a acabar. Desde que montamos a banda, muita coisa se passou, alguns casara, tiveram filhos, formaram-se em faculdades, moram fora, e apesar de tudo, tentamos continuar ativos.
DxDxOx versão 2006
7-Apesar dessas dificuldades a banda sempre esteve firme na cena participando de muitas coletâneas. Como vcs faziam naquela época pra manter contatos no underground?
Enrique - Era sempre por carta né? Como já disse, o que ajudou foi os contatos que tinha através do zine que fazia. Então estávamos sempre divulgando os materiais que tínhamos por carta, flyers e também entrevistas em zines.
Coletanea Visão Underground Zine
8-A internet hoje facilita bastante essa troca de materiais e informações. O que você acha de tudo isso, download free, videos na net em tempo real?
Enrique - Sinceramente eu acho válido. A velocidade da expressão é em tempo real, você acaba de gravar um vídeo e já coloca na Internet, você acaba de gravar um som e já disponibiliza pras pessoas baixarem. Claro que tudo tem uma face negativa, mas no geral, é positivo.

9-Como anda a cena de campo grande hoje em dia?
Enrique - Existem diversas bandas nos mais variados estilos de rock ou afins, como metal, hardcore, punk, glam e também blues. Campo Grande é essencialmente uma capital rockeira, com 2 a 3 shows semanais de diversos estilos de rock.

10-A DxDxOx já tocou com bandas consagradas como Ratos de Porão, Dead Fish e Sick Terror. Como foi a relação de vocês com a galera dessas bandas? O ratos é uma influência forte no som de vocês até hoje, né?
Enrique - Foi bem legal, pois são bandas que gostamos muito e tivemos a oportunidade de dividir palco aqui na capital. Com todas conversamos e com alguns membros das bandas criamos uma grande afinidade que dura até hoje. Sim, o Ratos é uma grande influência, são percussores nacionais dessa mistura de metal, punk e hardcore que eu gosto tanto.
DxDxOx no Festival Fogo no Cerrado 2010 
11-E hoje a DxDxOx influencia as novas bandas aí. Fica a sensação de missão cumprida?
Enrique - Na verdade eu não sei se influenciamos alguém não hahaha (má influência). Mas acho que colaboramos para as pessoas saberem que existem outras formas de expressão no rock, mas pesada, mais violenta, do que elas estão acostumadas com as bandas de “revista” e mainstream. E claro, pra que as pessoas saibam que existe toda uma rede mundial de underground que se comunica, cria, divulga diversas formas de rock.

12-O material mais recente de vocês é o cd-r split DxDxOx / AGAMENOM PROJECT de 2011. Ainda existem planos para novos projetos em 2012?
Enrique - Em 2012 agora retornamos a ensaiar, temos novas músicas feitas por diversas influências e pretendemos continuar ensaiando para gravar um novo material em boa qualidade o mais rápido possível. No último ano tocamos com bandas bem legais como Violator, Merda, Dead Fish, Bullet Bane e outras, que nos motivaram a continuar tocando ainda.
DxDxOx 2012 é Tomaz Feelings, Alysson, Enrique e Diego Gordo.
13-Muito obrigado Enrique, deixe a mensagem final aí, ou fale sobre algo que não perguntei e que ache interessante...o espaço é seu:
Enrique - Valeu Nem pelo espaço, obrigado mesmo! Bom, o DxDxOx hoje é Enrique no vocal, Diego na bateria, Alysson no baixo (que mora em Goiânia – GO) e Tomaz na guitarra. Por vezes, na ausência do Alysson, nos apresentamos como trio, mas sem perder a barulheira. Estamos ativos e pretendemos o mais rápido possível gravar algo novo e tocar novamente. Para acessar informações, procure os links: FACEBOOK: http://www.facebook.com/DxDxOx
TRAMAVIRTUAL (música para ouvir e baixar): http://tramavirtual.uol.com.br/dxdxox
E para download de nossa demo “O inferno é só um lugar”: http://www.mediafire.com/?ijh2mjqy1ry
E temos camisetas, CDr e DVDr disponíveis como merchandising, só me adicionar no facebook para saber mais: http://www.facebook.com/enriqueddo
Um grande abraço e sejam sempre vocês mesmos, é o que importa de verdade.

Discografia - DORDEOUVIDO
* tape "Perturbação demo reh." - Nöise Mesmo Records - 1999
* Split tape/cd-r w/ Access Of Denial - Nöise Mesmo Records - 2000
* cd comp. (1 song) "NOISE FOR DEAF III" - Rotthenness Records - 2000
* tape "Unreleased Songs w/ Sampler" - Nöise Mesmo Records - 2001
* cd-r comp. (1 song) "THE YOUTH SHALL SING International DIY HxCx/Punk" - STOP'N GO! FANZINE - Indonesia - 2002
* tape comp. (2 songs) "CGZINE Compilation HARDCORE vs. GRINDCORE" - Nöise Mesmo Records - 2003
* cd-r/tape comp. (2 songs) "Setembro Hc Caos Vol. 4" - Setembro Hc Caos Records - Brasil - 2004
* cd-r comp. (2 songs) "Won't give it and won't fuckin take it!" - Noise Attack Records - Filipinas - 2004
* coletanea Virtual ZONA PUNK vol. 2 - www.zonapunk.com.br
* coletanea Virtual Fuckkk - www.fuckkk.com.br
* split tape/cd-r w/ MONSTROMORGUE - Nöise Mesmo Records - 2004
* 4 way tape w/ JÄPÜRÄ NOISE PROJECT/PãoXCircoXViolência/CosmeDamião
Nöise Mesmo Records/Bandana Records/ElvisCore Records - 2004
* cd-r comp. (3 songs) "Destroy Music Now for a Better World Tomorrow 2" - DMN! Records - Brasil - 2004
* 3 way cd-r ANARKITRAN (Chile) / DxDxOx (Brasil) / GROTESKO (Chile) "Num Fuck!!" - Impetigo Prod. - Chile - 2005
* DxDxOx / VOZES DU ALÉN (PA) / DEMIAN (SP) / DISSECT (Finland) 4 way split cd-r By Purgatorius Records
* Coletânea HARDCORE MS (2 songs) - TOP SOM ESTÚDIO - 2006
* VHS - DxDxOx - 18.04.2003@BARFLY - Campo Grande - MS (Show)
* VHS - Split Vídeo 2003 - DxDxOx / JÄPÜRÄ NOISE PROJECT - Live 13.09.2003@Imperial Throne of Metal Fest - Campo Grande - MS (Show)
* DVD-r ao vivo em Cuiabá - MT - Brazil - 28/10/2006 - (show)
* DxDxOx - "O Inferno é só um lugar" demo 2008
* DxDxOx / Menstrual Noise Madness split cd-r 2008
* cd-r comp. Visão Underground Zine vol. 2 - 2008
* tape "8 ways... The Same Destination - a brazilian hardcore compilation" w/ Nieu Dieu Nieu Maitre, Cü Sujo, Merda, Frattelli, Chaka, Dor de Ouvido, Estorvo e Exumados - PQÑ Records - 2008
* IMPROVISO ZINE número 03 - Entrevista e cd coletanea com DxDxOx + 49 bandas undergrounds brasileiras – 2008
* cd-r 4 way split com SUBCUT / VENIAL e A BABA DE MUN-HÁ – 2010
* DVDr – “ao vivo no Fogo no Cerrado 2010”
* cd-r split DxDxOx / AGAMENOM PROJECT – 2011
Contatos DxDxOx
A/c Enrique Gonçalves
R. Albert Sabin, 1048 - CEP: 79090-160
CAMPO GRANDE - MS
Tel.: 67 - 3331-0712 / 8404-6930
Email: enriqueddo@hotmail.com

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Entrevista com o Bruno da banda Lavage

Conversei com o Bruno, vocalista da banda cearense Lavage. A banda já está na estrada há quase 10 anos, e o Bruno nos conta um pouco sobre toda essa trajetória. 
Bruno Lavage - Vocal
1-Primeiramente de onde veio esse nome? E quando resolveram montar a banda?
Bruno - Lavage é uma expressão nordestina para comida de porco. Esse nome veio da mente do primeiro baixista, William, durante um brainstorming nas calçadas da vida. A ideia da banda começou mesmo em meados de 2002 e eu fui reunindo colegas que tocavam algo perto da minha casa. Não deu muito certo no começo, mas tínhamos composto muita coisa. A banda começou mesmo com a entrada do Rogério Ramos na bateria. Era março de 2003. Daí em diante, passamos a ensaiar, tocar e gravar. Ou seja, passamos a levar o passatempo a sério e caímos de cabeça no mundo do underground de Fortaleza.
Banda Lavage direto de Fortaleza-CE.
2-Como era a cena naquela época em Fortaleza? E hoje em dia, melhorou ou piorou?
Bruno - Era uma cena muito legal, com muito entusiasmo e muitas bandas boas. Só não tínhamos a presença tão forte da internet pra ajudar a congregar a galera, divulgar bandas e eventos e trocar informações. Atualmente a net oferece uma plataforma de divulgação muito boa para quem está começando. Além disso, as bandas hoje em dia já começam com uma consciência diferente e um nível de profissionalismo alto. Por outro lado, essas facilidades deixam o pessoal meio acomodado às vezes, achando que apenas o mundo virtual pode sustentar a banda, quando na verdade, o mais importante é meter as caras e sair pra tocar e conhecer o mundo e as pessoas.

3-Quais bandas cearenses você indicaria para os leitores do Tosco Todo?
Bruno - A cena cearense tem bandas excelentes em todos os estilos que você observar. No indie, temos a galera da Selvagens à Procura de Lei. No metal extremo tem uma pá de bandas boas: Encéfalo, Clamus, Obskure, Inonsense, Betrayal e por aí vai. No campo do punk/HC, a galera da Thrunda e Chicones tem feito um trabalho muito bom e temos nos encontrado bastante nas gigs. Pra quem curte algo mais hard, a Full Time Rockers é uma boa pedida. Enfim, a cena daqui é bem variada e as bandas possuem um nível muito bom.

4-Em 2005 a banda lança o primeiro trampo chamado simplesmente "Lavage". Como foi a concepção desse material? Era um disco bem punk esse, né?
Bruno - Tínhamos gravado uma demo muito tosca em 2003, com pouco mais de três meses de ensaios e o resultado ficou abaixo do esperado. Tocamos esse repertório exaustivamente e sentimos que faltava algo. Compomos onze faixas inéditas e fomos para o estúdio. Apesar das deficiências técnicas, conseguimos gravar um material que serviu como referência estética (pra nós) e que abriu portas para festivais maiores, como a Feira da Música de Fortaleza de 2005.
Sem dúvida, as distorções estavam no talo e o vocal muito “podre”. Eu detestava ouvir minha voz normalmente, daí eu inventei um jeito de disfarçar minha voz. Na verdade, eu ainda estava procurando um estilo de interpretação que me deixasse satisfeito e que tivesse o mínimo de originalidade. Botamos uns solos na fase final do disco, após a entrada do Taumaturgo na guitarra solo e isso, de certa forma, melhorou o trabalho das guitarras. O guitarrista base (Wellington) não tinha noção de teoria musical, então tudo que criávamos era bem sujo e agressivo. O Tauma trouxe um pouco mais de refinamento com uns solos e riffs mais “trabalhados”.
Baixar a Primeira Demo da Lavage-2005
5-Já em 2007 a Lavage lança a demo "Consumocracia", que já apresentava algumas pequenas mudanças no som, mas com as letras permanecendo pelo punk rock. Era a mesma formação do primeiro disco?
Bruno - Não, nesse período trocamos de guitarrista e baixista. O guitarrista original foi assassinado numa tentativa de assalto no Carnaval de 2005, poucos dias depois do fim da mixagem do primeiro disco. O irmão dele tocava baixo conosco, mas depois pediu pra sair porque não aguentou a barra. Estávamos passando por momentos difíceis e pensei muito em acabar com a banda. Por sorte, o projeto tinha crescido e atraído a atenção de muita gente. Não faltaram pessoas se candidatando pra tocar. No “Consumocracia”, tivemos baixos gravados pelo Daniel Queiroz e pelo Rafael Maia, que tá com a gente até hoje. As guitarras ficaram por conta do Tauma e do novo guitarrista, Everardo Maia, outro que permanece nas fileiras até hoje. Com dois guitarristas muito bons, elevamos o nível do trabalho nessa parte e colocamos por terra essa história de guitarrista base e solo, posto que ambos tinham liberdade para fazer o que quisessem.
Esse disco foi um dos mais confusos e as faixas não dialogam entre si para formar um todo homogêneo. Mas talvez essa falta de unidade seja uma marca do nosso trabalho. Nesse campo, a gente tenta seguir os passos do Clash e não deixar que o rótulo punk reduza nossas possibilidades estéticas. Ou seja, tocamos o que der na telha.
Baixar Consumocracia-2007
6- No album "krisis" de 2008, a banda continua na linha do primeiro disco, punk rock, com letras diretas. E nesse disco já dava pra perceber uma identidade na banda. Como foi o caminho para alcançarem isso?
Bruno - O entrosamento é fruto dos shows e da vivência na cena. As coisas não são muito planejadas nesse quesito. Não pensamos o conceito do álbum para depois compor as músicas. A produção vai fluindo naturalmente, a gente grava e lança o material.
Baixar Krisis-2008
7-A Lavage já dividiu o palco com bandas consagradas da cena basileira como Mundo Livre S.A., Zefirina Bomba, Marcelo Nova, Plebe Rude, entre outros. Mas qual foi o show inesquecível?
Bruno - O show memorável foi na terrinha (Salvador) no Palco do Rock de 2009. Praia de Piatã lotada, mais de 10 mil pessoas por lá curtindo rock em pleno Carnaval. Subimos no palco depois do Plebe Rude e botamos a galera pra pogar, inspirados pelos nossos heróis de Brasília. Eu lembrei minha adolescência, quando eu ouvia o vinil “O concreto já rachou” e fiquei viajando. Nenhum sonho louco meu daria conta de que um dia eu iria dividir o palco com eles. Foi uma noite épica.
Lavage no Festival Palco do Rock de Salvador-BA-2009
8-Ano passado a banda lançou seu mais recente trabalho, o CD "Punk Pop?". O título já era uma pista da mudança no som da banda ou foi simplesmente uma provocação aos punks radicais de plantão?
Bruno - Primeiro, a gente tá realmente tirando um sarro com esse conceito de “pop punk”, que a mídia usa pra classificar o som de bandas como Blink 182, Good Charlote e por aí vai. Eu acho uma classificação tremendamente infeliz. Por outro lado, quem conhece a história do punk, sabe que a turma lá dos Ramones e companhia se inspirou bastante no pop e no rock das décadas de 50 e 60 pra fazer o som deles. Então, essa fronteira entre punk e pop é meio fina. De mais a mais, a gente quer apenas tocar sem se preocupar com o que vão achar ou qual classificação vão dar. Temos quase dez anos nessa história, então acho que podemos nos permitir isso, não acha?
Baixar Punk Pop?-2011
9-Na sua concepção, o que vem a ser um cara punk rock de verdade?
Bruno - Um genuíno punk rocker tem uma postura crítica e sarcástica com relação à vida. Questiona as coisas e se indigna com o que está errado. Mais que isso, faz algo pra mudar as coisas das quais não gosta. Um punk rocker de verdade não se reduz às bandas que conhece e procura ter atitudes libertárias no cotidiano.
Clipe da música "Olhar Chapado"
10-A Lavage tambem grava músicas em inglês. Qual o objetivo dessas gravações? Pensam em uma carreira internacional?
Bruno - A gente faz isso pra tentar facilitar a entrada do som em sites gringos, onde o idioma oficial é o inglês. Mas não há uma profunda proposta mercadológica nisso. É só uma tentativa de adequar melhor nossa comunicação com quem não fala português.
Clipe da música "No longer"
11-Hoje a banda passeia entre o punk rock e o indie. Qual a atual formação e o que a galera da Lavage anda ouvindo ultimamente?
Bruno - A escalação do time é: Bruno Andrade (vocal), Rafael Maia (baixo), Everardo Maia (guitarra) e Rogério Ramos (bateria). Escutamos sons muito diferentes e isso, indiretamente, se reflete no som que fazemos. Eu escuto muito indie rock e punk. Ultimamente to parado nos trabalhos novos do The Hives, The Vaccines, Gogol Bordello e Muse. O baixista tá vivendo uma fase reggae roots. O Rogério escuta muita coisa nacional e os clássicos internacionais. Ele não se liga muito em ouvir os sons “da moda”. Já o Everas passou da fase metal para uma fase pop, ouvindo Snow Patrol, Maroon 5 e outras bandas da atualidade. Tô encorajando ele a ouvir o trampo novo do Bloc Party para sacar umas estripulias novas com os pedais.
Lavage é: Rafael (baixo), Bruno (vocal), Everardo (guitarra) e Rogério (bateria)
12-E agora, quais os próximos projetos? Algum disco novo a caminho? E shows, andam fazendo com frequência?
Bruno - Em outubro, tocamos no maior festival de música do Ceará, o Ceará Music. Dividimos o palco com peixes grandes do rock nacional e internacional. Estamos gravando o quinto álbum, comemorativo aos 10 anos de grupo, que devemos lançar no início de 2013. Os shows tão aparecendo bastante no segundo semestre e vamos nos desdobrar pra tocar, gravar, ensaiar e viver nossas vidas como sempre fizemos. Queremos dar uma viajada pelo Nordeste divulgando o álbum no ano que vem.

13-Véio, valeu pela atenção!!! O espaço é da Lavage!!!
Bruno - Obrigado pelo espaço pra divulgar nosso trabalho. Se liguem na galera da Tosco Todo e em toda a cena underground do Nordeste porque estamos fazendo um belo trabalho. Acessem o Google, digitem “Banda Lavage” e conheçam melhor nossa história de vida e nosso trabalho.


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Entrevista com o Beto do Não & Proliferação

A entrevista de hoje é com o Beto, vocalista e guitarrista da banda Não & Proliferação, de Salvador-Ba. Com o pé nos anos 80 e a cabeça no presente, armando o futuro, o Beto nos fala um pouco sobre o inicio da cena punk soteropolitana, as tretas, e principalmente sobre as boas lembranças, além dos novos projetos. Acompanhe aí e compartilhe um pouco da história do punk rock baiano!!!
Beto na guitarra do Não & Proliferação
1-Primeiramente, nos conte um pouco sobre a história da formação da Não & Proliferação? Quando foi que tudo começou?
Beto - Na verdade essa é uma junção de 2 bandas, como na época poucas pessoas tinham tendência ou se identificavam com este tipo de som, acabávamos formando bandas diferente e com integrantes comuns entres as bandas. É uma longa história, que começou em 84 com a formação da Revolta Suburbana na qual eu era guitarrista. Fizemos apenas uma apresentação, abrindo para o Cólera no Forte São Diogo ( Porto da Barra ). Não tinha guitarra e tive o privilégio de tocar com a guitarra do Redson ( uma Giannini Preta com captador humbucking na ponte ) inesquecível. Depois tive a oportunidade de tocar com o Cólera outras vezes aqui em Salvador e em Alagoinhas-Ba.
O ingresso do show do Cólera era um patch em 1984.
2-Quais eram as influências naquela época? Como vocês faziam para estar sempre atualizados sobre o punk em Salvador?
Beto - Foi uma época muito bacana, não tínhamos a facilidade de hoje, é óbvio. Nós nos encontrávamos na praça da Piedade e na Escola de Comunicação ( UFBA ) para trocarmos idéias e materiais que cada um descolava. Tinha um pessoal mais articulado que trazia material vindo de fora; pela revista Flip Side ou através de contato com algum estrangeiro.
Lembro de ter ouvido Sex Pistols, Black Flag, Dicks, Rattus, Dead Kennedys, DOA, Ramones, Clash, etc. Tudo isso através de fitas cassetes, compactos, LP´s que a moçada trazia de fora. Era um glamour, ver as caixinhas chegando cheias de papel picado e isopor para proteger as fitas e o pessoal abria, ligávamos o toca fita e...cara, de fuder.
Em seguida abriu-se lojas aqui em Salvador que trabalhavam com estes materiais; Not Dead, Hai Kai, Coringa, Bazar, Na Mosca e por aí vai...agora não posso deixar de citar 3 pessoas que tinham as lojas aqui e deram a maior força; Ednilson Sacramento, Jardel e Luiza Maia. Cara, esse pessoal teve a maior influência aqui, inclusive Ednilson e Jardel estavam envolvidos na produção que trouxe o Cólera pela primeira vez.
Beto, Henrique e Dielson formam a Não & Proliferação.
3-Como era a cena aí, existiam muitos shows?
Beto - Sim, apesar da precariedade de espaços. Sempre aparecia alguns caras que abriam as portas para rolar um som, tinham bandas muito bacanas também. Me recordo de uma banda muito, mais muito de fuder, chamada Homicídio Cultural. Também existiam na época os circos; Troca de Segredos e Relâmpago ( rolou Ratos de Porão e Psykoze / Inocentes aconteceu um pouco depois ).
Proliferação em show na Cidade Baixa-Salvador-BA. 
4-No final dos anos 90 o baixista Dinho da Não morreu junto com um outro parceiro da banda Bosta Rala numa batida policial desastrosa aí em salvador. Como vocês receberam essa notícia, e o que resultou tudo isso? algum policial foi punido e preso?
Beto - Porra cara, sem comentários. Este foi um divisor de águas, pois deixamos de andar nas ruas, as coisas não ficaram muito legais. Nos separamos, cada um foi cuidar da família, neste período todos já estávamos com filhos, o clima ficou bastante tenso. E independente de banda, nessa época estávamos muito ligados uns aos outros, nós éramos muito unidos, uma irmandade mesmo. Muita coisa mudou, que eu saiba ninguem foi punido, mas o bacana é que eles não destruiram os nossos laços, sempre nos encontramos, sempre!!
Dielson na bateria do Não & Proliferação.
5-Depois de tantos anos na cena, só em 2005 a Não & Proliferação gravou o primeiro trampo "Mordendo e dando coice". Qual o motivo dessa demora, e como foi o processo de produção e gravação desse disco?
Beto - Na verdade em 2005 voltamos justamente com este intuito de gravar algumas músicas de ambas as bandas para termos um registro da coisa, este era para ser um CD Demo apenas para vermos o que podíamos melhorar, como ficou com a cara que a gente gosta, não lapidamos mais nada neste registro.
O processo foi o seguinte, reservei 3 períodos num estúdio, nós ensaiamos um, o segundo não rolou ( o batera teve problemas e perdemos o horário ) e no terceiro gravamos em uma só tomada, num período de 5 ou 6 horas fizemos tudo.
E antes ensaiamos algumas vezes para relembramos as músicas e organizar as coisas, como nas antigas né, no quartinho da bagunça, aqui em casa.
A produção como sempre independente, reservei uma grana, tirei grana e tempo das férias neste ano disponível para condicionar a gravação deste registro. E foi gratificante, temos centenas de cópias deste registro rodando por aí.
DOWNLOAD AQUI
6-Vocês participaram do Projeto Pôr do Sol Hardcore, gravando um DVD aí na periferia de Plataforma em Salvador. Como foi essa experiência?
Beto - Foi muito bacana, O Lenon Reis nos fez o convite, aí aceitamos na hora. Foi muito bacana tocar lá, parecia que tinha voltado no tempo. O cenário natural daquela área é magnífico.
Projeto Pôr do Sol Hardcore
7-Você tem um projeto chamado "Tapete Voador", que leva música e arte para as ruas. Como surgiu essa idéia e como funciona?
Beto - O Tapete Voador é um projeto itinerante que visa levar um pouco de cultura alternativa as praças públicas, independente de público pré agendado. Funciona na cara, fazer a performance para quem tá passando na hora, tomando de assalto as ruas.
Mostrar nossa música, a arte, a expressão, aquela ação que as pessoas não estão acostumadas a ver e ouvir.
Dediquei muito financeiramente para concepção deste projeto, inclusive neste período não foi feito nenhum registro ( gravação ), pois todo o recurso que tinha foi investido em material para realização do Tapete Voador. E foi bom, pois hoje a banda funciona de forma independente, adquiri uma experiência que hoje posso produzir nossos eventos com a estrutura que temos, sem depender diretamente de terceiros ou atrasa lado ( que é um grande inimigo para nós que fazemos um lance alternativo ).
Projeto Tapete Voador - Foto: Sora Maia
8-Gostaria que você falasse sobre a diferença da cena dos anos 80 para a cena atual aí em Salvador? O que você anda ouvindo de novo por aí?
Beto - Mudou muita coisa cara, acredito que antes era mais underground, tinha um tesão maior para se ouvir alguma coisa, hoje está bem mais fácil, você ouve o que quer e a hora que quiser, e ainda tem Blootooth ( rs ). Mais isso é bom, sempre preguei pela liberdade, na música, da arte, e hoje está aí.
Porra cara, algo de novo?? É foda. Ouço várias coisas, mais sempre me paro ouvindo, Fear of War, Dead Kennedys, Toy Dolls, Bob Marley, Steel Pulse e Pinky Floyd, é foda.
Primeira Edição do Palco do Rock. 18 anos atrás com presença da Não & Proliferação.
9-E agora, quais os projetos daqui por diante?
Beto - Divulgar nosso material, fazer shows, e também tenho um projeto de resgatar as gravações perdidas em demo tapes da Não e também da Proliferação, comprei um tape deck e estou preparando um material robusto com toda essa história para distribuir. O tape da Não eu não sei onde coloquei, mas a da Proliferação já encontrei, tem um monte de bagaça aqui no meu quarto, é uma zona, mas sei que está tudo aqui!!!
Agora estamos ensaiando um novo CD ( Provavelmente seja duplo ), a idéia é gravar canções que não registramos ainda, algumas novas e uma parte dedicada a releituras de Bob Marley. Era para agora no segundo semestre, mas tem atrasado um pouco. Sei que todo mundo estranha o fato de termos tanto tempo e não ter material, mais éramos fudidos pra caralho, fudidos mesmos. Tinha bandas que tinham grana, de família de grana e tal, nós éramos ralé mesmo!!!
Hoje as coisas melhoraram pois os meninos já estão grande, tô em um trampo melhor, e dedico parte de minha vida para isso, aliás lembro que sempre nas nossas noitadas e biritadas, nós conversávamos que mesmos quando estivéssemos velhinhos, iríamos encostar as cadeiras, o sofá, botar os guris e a mulher para  rua, e íamos fazer o maior som ( rs ), bons tempos...
Henrique Simões-Baixo
10-Muito obrigado pela atenção e deixo o espaço pra você falar sobre o que quiser, deixar contatos, o espaço é seu:
Beto - Agradeço a oportunidade do espaço para divulgar sobre a nossa história e projetos desenvolvidos e mostrar o quanto é importante e satisfatório mantermos a chama acesa de fazer o que gostamos. Segue aí alguns links para quem se interessar em conhecer o nosso trabalho. Valeu, e obrigado a todos!!!
Outros canais com Não & Proliferação:
Facebook: http://www.facebook.com/tapetevoador
Não & Proliferação na Vandex TV: http://www.vandex.com.br/
Fotolog: http://www.fotolog.com.br/naoproliferacao
Matéria no site Rock Loko: http://rockloco.blogspot.com.br/nao-proliferacao